Público lota Orla do Guaíba para acompanhar Eclipse Solar em Porto Alegre

Público lota Orla do Guaíba para acompanhar Eclipse Solar em Porto Alegre

Pessoas utilizaram itens diversos para acompanhar a passagem parcial da Lua em frente ao sol neste sábado

Felipe Faleiro

Público utilizou itens diversos para acompanhar o fenômeno na orla do Guaíba

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A orla do Guaíba, naturalmente cheia de visitantes a cada final de semana, lotou na tarde deste sábado para um motivo muito especial: o Eclipse Solar Anular, que iniciou em Porto Alegre às 15h51min29s, teve seu auge às 16h47min44seg, e encerrou às 17h39min20s, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na Capital, embora a intensidade do fenômeno astronômico tenha sido de apenas 17,6%, em seu máximo, o público se equipou com o que pôde para buscar enxergar a passagem de parte da Lua em frente ao sol da melhor forma possível.

Os companheiros Gilson Bueno e Mauro Verdum, ambos professores, e o filho de Bueno, Samuel Rossato Bueno, 12 anos, utilizaram óculos escuros, ainda que a orientação era de que o item não fosse exatamente adequado para apreciar o evento. “Moramos aqui no Centro Histórico mesmo, e vimos em uma reportagem que o eclipse aconteceria. Então viemos aproveitá-lo, e tomar um chimarrão aqui na orla mesmo”, comentou Verdum.

Também companheiros, Felipe Casanova, professor de Geografia, e Lucas Mattos, engenheiro mecânico, ambos moradores do bairro São João, na zona Norte, levaram à orla uma chapa de soldador número 14, considerada ideal para observar o sol sem trazer danos à retina. “Quando fomos comprar na ferragem, o vendedor disse que haviam chegado dez no dia anterior e quase todas tinham sido compradas na hora. Todo mundo queria ver o eclipse”, contou Casanova.

André Berthold Gonçalves, estudante de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a namorada, Isabela Santos Figueiró, estudante de Astrofísica na mesma universidade, e o amigo do casal, Stefano Agatti, biomédico, trouxeram um óculos ganhado por Isabela em aula. Eles ainda improvisaram uma chapa de soldador número 12 em uma caixa de papelão, após verem vídeos na Internet sobre como observar o eclipse com segurança. “Muita gente nos parou pedindo informações, já que estávamos com o óculos. É algo muito lúdico e bonito de se ver”, comentou ela.

Junto à estátua de Elis Regina, ao lado da Usina do Gasômetro, o analista de dados Felipe André Bach Alves montou seu telescópio e projetou uma imagem do eclipse em uma tela ao lado, atraindo muitos curiosos. “O que me motivou nesta ação foi minha crença de que a astronomia é pouco divulgada. Tomei iniciativa de comprar algumas lentes de soldador e trazer o telescópio para compartilhar um pouco do meu conhecimento com os demais”, disse ele, que foi membro de um clube de astronomia no colégio, paixão que depois virou hobby. “Inicialmente, seria uma ação apenas para a família, parentes e amigos, mas vimos que não conseguiríamos projetar o telescópio por causa do ângulo do sol e prédios na frente. Então, viemos para a orla”, comentou ele. 

“É só emoção”, diz astrônoma gaúcha que viu eclipse no Maranhão

A professora Daniela Borges Pavani, do departamento de Astronomia da Ufrgs, acompanhou o evento na Chapada das Mesas, no município de Carolina (MA). A saída de campo, segundo ela, única gaúcha na ação, foi organizada pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMS), cuja sede de Imperatriz realiza o 1º Congresso Internacional de Ensino em Astronomia. 

“Hoje foi uma experiência incrível, estudamos, explicamos os eclipses, mas ao assistirmos, é só emoção. Olhos cheios de água, gritos e suspiros. Muitas pessoas desta região vieram para o Portal da Chapada, distribuímos óculos adequados para observação, providenciados pelo IFMA. Foi uma celebração”, contou ela, que participa do congresso para ministrar um minicurso sobre eclipses e das experiências da Rede Planetários do Sul, que congrega dez universidades e institutos federais gaúchos que trabalham, de acordo com Daniela, com planetários, educação e divulgação científica itinerante.


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