Panorama sobre a violência no Brasil abre o Connex em Pelotas

Panorama sobre a violência no Brasil abre o Connex em Pelotas

Dia também foi marcado por depoimentos do embaixador da Colômbia, Guillermo Rivera, sobre a política de paz no país depois de negociações com a Farc

Angélica Silveira

A palestra do Embaixador da Colômbia no Brasil foi um dos destaques do primeiro dia

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Uma conexão de experiência em segurança pública e prevenção à violência para promover melhores ações assim é o Connex que começou na manhã desta quarta-feira no Clube Caixeiral. O primeiro palestrante foi o sociólogo Rodrigo de Azevedo.

De forma remota ele participou do panorama sobre a violência no Brasil: reflexões e desafios. “Para mim, é importante dar um cenário da violência no país, para a partir disso ter uma ideia mais clara das dimensões e principais desafios”, justifica.

Em relação as mortes violentas intencionais, por exemplo em 2019 era de 50 mil. Em 22 baixaram para 47452. “O Brasil tem uma posição grave chegando de 15% a 20% dos homicídios no mundo, o que representa duas de cada 10 mortes mundiais ocorrem no nosso país. O norte e nordeste teve aumento nos números pela presença das facções”, enumera.

Ele também apresentou números sobre violência sexual contra a mulher e outros crimes. Para o doutor e mestre em sociologia Marcos Rolim que o sucedeu, os dados mostram a realidade grave que em alguma situação se enfrenta. “Os dados apresentam registros policiais, o que é uma defasagem para a realização de estudo, por causa da enorme subnotificação”, destaca. Para ele, há o recurso de pesquisar a vitimização a cada ano, para saber se os crimes estão crescendo.

Na sequência, com o salão do Clube Caixeiral lotado foi a vez do embaixador da Colômbia no Brasil, Guillermo Rivera que palestrou sobre a política de paz total naquele país. “Para o governo da Colômbia diplomacia e paz tem muita coincidência, pois é uma maneira de resolver conflitos e diferenças pelas vias do diálogo”, opina.

Ele lembrou que em 2016 o Governo assinou um acordo de paz com a FARC, depois de cinco anos de diálogos e negociações. “Entre 2016 e 2018 registramos o menor número de homicídios e sequestros em 40 anos. O país viveu momentos felizes”, lembra.

Ele disse que como o antigo governo que esteve no poder entre 2018 e 2022 não desenvolveu o acordo, fez com que novas organizações chegassem e aumentasse a violência novamente. “O Governo atual está corrigindo os problemas com conversa”, garante.

A manhã foi finalizada com a apresentação do programa RS Seguro, que neste ano completou cinco anos pelo coordenador da iniciativa e delegado Antônio Carlos Pacheco Padilha. “Violência e criminalidade na segurança pública são complexas. Estamos fazendo muita coisa, mas tem muito a fazer”, garante.

O programa ocorre em 23 cidades gaúchas com os mais altos índices de violência, onde haviam sido registrados 72% das mortes violentas do Estado e 91% dos roubos a veículos. Durante a tarde, após a exposição sobre mecanismos e ferramentas implementados pelo DETRAN para o combate a criminalidade, principalmente na comercialização de peças roubadas de veículos, o Secretário Estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, falou sobre o enfrentamento ao crime organizado. Para ele, um dos problemas está na legislação. “As pessoas mencionam o número baixo de homicídios na Europa, mas esquecem que lá a pessoa fica presa 20 anos e no Brasil em torno de 2,5 anos”, compara.

Ele lembra que a Brigada Militar prende em torno de 300 pessoas todos os dias e a Polícia Civil realiza de três a quatro operações diárias no Estado. “O RS Seguro é um programa transversal e estruturante da segurança pública. Ele tem quatro eixos: Combate ao crime, politicas sociais e preventivas, qualificação no atendimento ao cidadão e sistema prisional”, enumerou.

Ele apresentou a redução no roubo a veículos e outros crimes violentos no Estado. Á primeira reunião do RS Seguro fora de Porto Alegre também ocorreu a portas fechadas na tarde desta quarta-feira em Pelotas.

Á noite no Teatro Guarany, o Governador Eduardo Leite e outras autoridades participaram da cerimônia de abertura do Connex. E o ex- vice presidente da Colômbia, Oscar Naranjo falou sobre a experiência de negociação com a FARC para instalar a paz no país. O Connex segue nesta quinta e sexta-feira com extensa programação no Centro Histórico de Pelotas.


Correio do Povo
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