Parque Harmonia recebe exposição de artesanato kaingang Páscoa Indígena, em Porto Alegre

Parque Harmonia recebe exposição de artesanato kaingang Páscoa Indígena, em Porto Alegre

Os artigos, que garantem o sustento das famílias de artesãos, também serão expostos e comercializados no Centro Histórico e na Orla do Guaíba

Kyane Sutelo

Mais de 100 artesãos kaingang já estão no Parque Harmonia produzindo os artigos para a Páscoa Indígena.

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Porto Alegre é palco de um evento que destaca a cultura dos povos originários. Ainda que de forma discreta, sem sinalização ou qualquer anúncio visual na entrada, o Parque Harmonia recebe, a partir desta quarta-feira, a Páscoa Indígena. A exposição de artesanato reúne artigos produzidos por membros da etnia kaingang do Norte gaúcho. Até 9 de abril, das 7h às 20h, estarão expostos trabalhos com elementos naturais, como artigos em cerâmica, arte plumária e a cestaria com foco na Páscoa. A comercialização dos produtos também será feita no Centro Histórico, na região da rua dos Andradas e da Praça da Alfândega e, neste final de semana, na Orla do Guaíba, no Gasômetro, próximo à estátua da Elis Regina.

Os artesãos são da terra indígena da Serrinha, no Norte do Estado, que inclui as cidades de Ronda Alta, Engenho Velho, Constantina e Três Palmeiras. Deste último município, inclusive, já desembarcaram mais de 100 indígenas no acampamento montado no Parque Harmonia. Ao todo, são esperados cerca de 500 expositores. No acampamento, a produção não para. indígenas trançam tiras de bambu, filetadas na hora, tingem em panelas com anil e colocam para secar ao natural. Estacina Eufrásio é uma das artesãs kaingang que viajaram até a Capital com a família. Junto dos pais, quatro irmãos, sobrinhos e a filha de 9 anos, busca o sustento. “Muitas vezes, a gente não tem condições de comprar caderno, mochila, porque a minha filhinha tá estudando. A gente veio trabalhar”, conta ela.

A coordenadora da Unidade de Povos Indígenas, Imigrantes, Refugiados e Direitos Difusos da Secretaria de Desenvolvimento Social de Porto Alegre, Kate Lima, destacou a importância da retomada do evento que acontece há 26 anos, mas ficou suspenso devido à pandemia de Covid-19. Para a coordenadora, que é da etnia Ticuna, da Amazônia, a exposição valoriza o desenvolvimento econômico indígena, sem ignorar as raízes culturais. “A ideia é que ela venha fomentar a cultura econômica desse povo. O indígena pode ser um advogado, um analista em política e fazer o que ele quiser na sociedade, mas também cultivando sua tradição”, salienta Kate.

A Páscoa Indígena é realizada por uma comissão composta pelas secretarias municipais de Desenvolvimento Social (SMDS) e de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET), o Conselho Estadual dos Povos Indígenas e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. Conforme a coordenadora Kate Lima, outros apoiadores também ajudam a colocar a iniciativa em prática, entre eles as prefeituras, que fizeram o transporte dos artesãos, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) que doou as lonas para o acampamento, e a Central de Abastecimento local (Ceasa), que enviou legumes para a alimentação dos expositores.

 


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