Passados 14 dias do temporal sete cidades da zona sul ainda registram falta de luz

Passados 14 dias do temporal sete cidades da zona sul ainda registram falta de luz

Conforme a CEEE Equatorial os casos mais graves são os que a rede tem que ser reconstruída, como em Jaguarão, Cerrito, Arroio Grande, Herval e na área rural de Pelotas

Angélica Silveira

: O casal Salete Feijó Gonçalves e João Antônio Rodrigues Gonçalves, moradores da zona rural de Piratini, segue com a casa às escuras há 14 noites

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Passados quase 15 dias do temporal que atingiu o Estado, ao menos sete cidades da zona sul ainda registram casos de moradores da zona rural que seguem sem o fornecimento de energia elétrica. Estava prevista para esta quarta-feira uma reunião entre prefeitos da região e a direção da CEEE Equatorial para tentar encontrar uma solução para o problema.

Uma das cidades, onde ainda há casas sem o fornecimento de energia elétrica é Cerrito. Conforme o Prefeito Douglas Silveira, nesta quarta-feira ainda havia 300 casas sem energia elétrica na zona rural. "São 800 pessoas no total. O fornecimento de luz também influencia na situação de falta de água potável nas residências", relata. A Prefeitura já entrou na justiça conta a CEEE Equatorial.

Mesmo caso de Jaguarão, que nesta semana obteve liminar de ação civil pública contra a empresa. A ação determina que a empresa restabeleça a energia elétrica em todas as Unidades Consumidoras (UC) num prazo de 24 horas para a zona urbana e 48 horas para a zona rural, sob pena da aplicação de multa diária no valor de R$ 5 mil para cada UC, ou seja, para cada casa ou estabelecimento ainda com falta de energia elétrica. Além disso, a concessionária tem o prazo de 10 dias para apresentar a lista das UC afetadas pela falta de energia elétrica, devendo constar a data do restabelecimento, sob pena de multa diária de R$ 10 mil e, que a CEEE Equatorial adote procedimento simplificado para o ressarcimento de bens perdidos pelas residências afetadas pela falta de energia desde o dia 20 que deverão ser ressarcidos a curto prazo, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. O valor da multa será revertido ao Fundo Municipal de Habitação Popular. Segundo informações da Prefeitura, muitos locais na área rural. E o restabelecimento está oscilando, pois arrumam alguns pontos e apresentam novos problemas em pontos que estavam funcionando.

Em Piratini, conforme o Prefeito Márcio Porto, 200 unidades do interior seguem sem luz. "A Prefeitura se colocou a disposição da Equatorial para tudo. Nos disponibilizamos para levar, mas chegam nos locais para bater foto e não resolvem o problema. Os vereadores estão levando geradores em caminhonetes, mas a CEEE pede pouca ajuda", avalia.

Um dos casos da falta de luz é o do casal de agricultores Salete Feijó Gonçalves (61) e João Antônio Rodrigues Gonçalves (65). Os moradores do 2º Distrito de Piratini estão há 14 dias sem luz. "Nunca tinha ficado tanto tempo sem luz em 26 anos que moro aqui", relata Salete. Ela conta que também ficou sem água e para não ter que carregar os baldes nas costas por cerca de mil metros em um declive acima conseguiu um gerador emprestado por duas oportunidades neste período. "Conto com a boa vontade dos outros. O gerador foi usado somente para puxar água. O pessoal da CEEE só diz que está trabalhando. Hoje ( quarta-feira) passou um caminhão carregando um poste, só quando ligo só dizem que foi concluído o serviço na minha UC", lamenta. Ela confirma que com a demora no retorno da luz em torno de 40kg de comida precisou ser descartada. "Foi peixe, carne e queijo, além dos alimentos, que nós idosos precisávamos comer e estava na geladeira, que está podre e mofada por dentro", afirma.

Em Pedro Osório, cerca de 100 casas 100 casas da zona rural estão sem energia desde o temporal do último dia 20. Foram identificados 30 postes caídos em 86 km de estradas vicinais. No Herval, outros 150 clientes seguem sem energia elétrica na zona rural. já em Arroio Grande, são 80 residências na zona rural.

Procurada, em nota a CEEE Equatorial informou que os temporais do último dia 20 de março provocaram uma destruição de grandes proporções na rede elétrica da distribuidora, afetando mais de 815 mil clientes na sua área de concessão. Destes, cerca de 1.000 clientes infelizmente ainda estão sem energia, pois a empresa precisa que a rede seja reconstruída, frente aos danos severos ocorridos e/ou dificuldades de acesso, o que demanda um maior tempo de trabalho da distribuidora. Os municípios mais atingidos são Jaguarão, Cerrito, Arroio Grande, Herval e a área rural de Pelotas. "Neste cenário, a concessionária lamenta os efeitos causados pelas fortes chuvas aos gaúchos e reforça que está com seu contingente de equipes pesadas em campo, realizando esforços diuturnos para a reconstrução da rede e normalização do fornecimento com a maior brevidade possível", finaliza a nota.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895