Passageiro de Porsche que matou motorista tem quadro de saúde “delicado” e deve passar por nova cirurgia

Passageiro de Porsche que matou motorista tem quadro de saúde “delicado” e deve passar por nova cirurgia

Estudante de 22 anos sofreu fraturas nas costelas e deve fazer procedimento por derrame pleural bilateral

Estadão Conteúdo

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O quadro de saúde do estudante Marcus Vinícius Rocha, de 22 anos, que estava no banco do passageiro do Porsche conduzido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24, é “delicado”, informou o advogado Roberto Soares Lourenço em nota divulgada nesta segunda-feira. O defensor disse também que Rocha passaria por uma cirurgia em razão de um "derrame pleural bilateral”, que é o acúmulo de água no espaço da pleura, uma membrana formada por camadas que revestem o pulmão e a caixa torácica.

'Sobre a situação atual de Marcus', diz o advogado, 'ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva e fará uma cirurgia devido a um derrame pleural bilateral com permanência de dreno em ambos os lados, complicações causadas pelo trauma. Seu estado de saúde é delicado'.

Marcus Vinícius está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em uma unidade do Hospital São Luiz, em São Paulo, por conta do acidente que tirou a vida do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana na madrugada de 31 de março. O estudante teve quatro costelas quebradas e precisou passar uma cirurgia para a retirada do baço. Ele estava entubado e em coma induzido na UTI, e sem previsão de alta.

Rocha estava no banco do passageiro quando o veículo de luxo, avaliado em R$ 1 milhão, colidiu contra o Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, na Avenida Salim Farah Maluf, na zona lesta paulistana. Viana chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu por traumatismos múltiplos horas depois do acidente.

O Hospital São Luiz afirmou que não tem autorização para passar informações sobre o quadro clínico do paciente. Pelas imagens captadas pelas câmeras de segurança é possível perceber a violência da colisão. O choque leva os dois carros para o canteiro da avenida, cuja velocidade máxima permitida é de 50 km/h. Um deles bate no poste de luz, o que provoca a queda imediata de energia elétrica no quarteirão.

O empresário negou que estivesse em alta velocidade e que estivesse dirigindo sob efeito de álcool. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) afirmou que os radares de velocidade da região estavam desativados no momento da colisão. Por estar internado, Marcus Vinicius não foi ouvido ainda pela polícia.

A Polícia Civil indiciou Andrade Filho por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, lesão corporal ao companheiro que estava no veículo e fuga do local do acidente, mas a Justiça de São Paulo negou o pedido de prisão temporária por considerar que não havia elementos suficientes para isso.

Com o avanço das investigações, a polícia pediu mais uma vez a pedir a prisão de Andrade Filho, mas, desta vez, foi solicitada a prisão preventiva do motorista do Porsche.

O inquérito deve durar no mínimo 30 dias. Apesar dos avanços, há ainda testemunhas centrais para serem envolvidas. Procurada nesta segunda, a advogada de Fernando, Carine Acardo Garcia, não retornou aos contatos da reportagem. Em notas anteriores, afirmou que há 'um linchamento' contra seu cliente, descreveu o acidente como 'uma fatalidade'.

A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário do local do acidente, que se apresentou quase 40 horas depois do episódio. O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem que a Ouvidoria da Polícia Civil acionou a Corregedoria da Polícia Militar ainda na segunda-feira, 1, para apurar a conduta dos PMs.


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