“Pedalnic” no Parque da Redenção faz ato contra a concessão do espaço em Porto Alegre

“Pedalnic” no Parque da Redenção faz ato contra a concessão do espaço em Porto Alegre

Nome em alusão à pedalada mais piquenique, tem objetivo de evitar a implementação do projeto de concessão do parque

Tais Teixeira

Pedalada e pirquenique no parque da Redenção para manifestar oposição à concessão do espaço

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A pedalada no Parque da Redenção no fim da tarde de domingo reuniu pessoas com um objetivo que não era apenas a prática de atividade física. O uso da bicicleta foi usado pelo grupo Coletivo Preserva Redenção para informar a população de Porto Alegre sobre o projeto municipal de concessão do parque por um período de 30 anos, iniciativa na qual o grupo, formado por cerca de 250 pessoas, é expressamente contra. Na oportunidade, somou-se à pedalada um piquenique debaixo das árvores, formando um “pedalnic”, nome em alusão à junção das duas atividades. Os integrantes participaram de   um bate-papo,  do recolhimento de mais assinaturas  favoráveis ao movimento,   uma oficina sobre mecânica de bicicletas e finalizou com o Biciato. 

Um dos articuladores do movimento, o ativista  Eduardo André Viamonte, mais conhecido como “Cara da Sunga” por correr  há 27 anos pelas ruas de Porto Alegre vestido apenas com uma sunga, relatou que o projeto tem pontos polêmicos, os quais o grupo se opõe com veemência. “Acreditamos que vai ter uma perda de autonomia e o fim das manifestações artísticas, sociais, ambientais, políticas e culturais, o que hoje se consegue com uma autorização técnica via prefeitura”, disse.

Os aspectos considerados mais problemáticos, segundo o articulador, são o corte de 400 árvores “previsto em edital” e a contrapartida do estacionamento subterrâneo. “Terá 577 vagas e terá o risco de contaminação  do lençol freático”, afirmou. 

Outro  item visto pelo empresário como uma consequência negativa é  o agravo do  impacto na mobilidade ao redor do espaço, sendo que esse ponto já tem dificuldades. “Esses são alguns dos pilares do projeto que ainda estão sem uma clara explicação, já que não há um estudo técnico detalhado sobre o tema”, assinalou. A segregação social também é vista como um efeito não saudável. “Ao apresentar apenas atividades caras, deve atrair um público de classe mais alta, podendo afastar outros frequentadores, e o Parque Farroupilha é democrático”, realçou.A coleta de assinaturas também ocorreu no domingo. Até o momento, o documento tem 27 mil assinaturas. “Não há um prazo para encerramento, vamos reunir o máximo possível de assinaturas”, salientou.

Estudo técnico

Na última quinta-feira,após receber denúncia a respeito de supostas irregularidades na proposta de concessão do Parque Farroupilha, promovida pela prefeitura de Porto Alegre, o Ministério Público de Contas (MPC) pediu a auditoria do projeto de concessão. Em representação encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), o procurador-geral do MPC, Geraldo Da Camino, questionou  a ausência de estudos técnicos prévios que demonstrem a viabilidade do empreendimento e a possibilidade de danos irreversíveis ao meio ambiente e ao patrimônio público.

Em sua decisão, Da Camino ressaltou que o processo deve ser suspenso se a Direção de Controle e Fiscalização do TCE confirmar as irregularidades. No documento de nove páginas, Da Camino alertou para a falta de estudos prévios de impactos ambientais, de vizinhança e na mobilidade urbana. 

 


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