Pelotas tem maior volume de chuvas em 50 anos

Pelotas tem maior volume de chuvas em 50 anos

No município e região, 22 unidades de saúde estão fechadas por acúmulo de água

Angélica Silveira

publicidade

A Estação Agroclimatológica de Pelotas Embrapa/UFPEL/Inmet registrou 85 milímetros de chuva desde segunda-feira (11), maior volume observado desde 1971. No município e região, 22 unidades de saúde estão fechadas nesta quarta-feira (13) por impossibilidade de acesso devido ao acúmulo de água. 

A Casa de Passagem, em Pelotas, atendeu 68 pessoas em situação de rua na noite desta terça-feira (12) e madrugada de quarta-feira (13). Há pontos de alagamento principalmente nos bairros Laranjal e Toussaint. As linhas de ônibus do Areal Circular, Bom Jesus, Querência, Santa Terezinha e Passo do Salso estão operando com desvios de rota devido a alagamentos.

As estradas rurais seguem com problemas estruturais, com isto o transporte coletivo segue rotas alternativas. Em Camaquã, onde um arroio rompeu interditando a BR 116 na manhã desta quarta-feira, a água passou por cima de algumas pontes, na zona rural, principalmente na região de Santa Alta. Não há o registro desabrigados ou desalojados na região. Entre meia-noite e meio-dia desta quarta-feira choveu em torno de 110 mm na cidade. A Secretaria de Infraestrutura faz a limpeza de boca de lobo e bueiros para evitar novos alagamentos.

Desalojados não podem voltar às suas casas

Em Pedro Osório, 500 pessoas que vivem na zona ribeirinha seguem desabrigados ou desalojados. Destas 65 famílias estão abrigadas no Salão Paroquial, o restante está na casa de familiares ou amigos. Nesta quarta-feira (13) segue o monitoramento do Rio Piratini, que no início da tarde estava cerca de 7 metros acima do seu leito. Na última inundação, ocorrida na semana passada, ele estava 14 metros acima. A Ponte da Orquetta está obstruída nas cabeceiras, mas a água não chegou na altura da estrutura. Foram registrados até o início da tarde 129 milímetros em Pedro Osório.

A orientação da prefeitura é que as pessoas não retornem para suas casas até que o alerta de tempo ruim passe. Sacolas com alimentação e kit de limpeza estão sendo entregues para as pessoas. No lado do município do Cerrito segue o monitoramento. O prefeito Douglas Silveira disse que por enquanto não há risco de enchente. “Desde ontem (terça-feira) subiu um metro, estando 8 acima do nível, mas como segue chovendo estamos acompanhando a situação”, pondera.

O acumulado de chuva em Cerrito passa dos 120 milímetros.  Cerca de 300 pessoas seguem fora de suas casas. Destas 60 estão no ginásio paroquial. Em Piratini há 24 pontes caídas na zona rural da cidade, entre elas da localidade de Maria Antônia, que liga o município a Canguçu. Em algumas   localidades do interior as pessoas não conseguem ter acesso a zona urbana da cidade.

“Até o meio-dia o acumulado já passou dos 200 mm. Nesta quarta-feira iremos realizar o levantamento e não se descarta decretar emergência no município”, relata o coordenador municipal da defesa civil, Daniel Moura. Em Piratini não há desabrigados ou desalojados. Em Dom Pedrito, o rio Santa Maria após recuar nesta terça-feira voltou a subir na tarde desta quarta-feira, estando 5,20 acima do nível. Até 5,80m não há risco de alagamentos. Até o início da tarde, sete famílias (31 pessoas) seguiam abrigadas na escola Alda Seabra, pois há uma semana segue alagado o entorno.

Em Arroio Grande equipes da defesa civil e do Exército seguem monitorando o nível das águas do arroio e Ponte do Simão. Entre meia-noite e 8h choveu 28 mm na cidade.  A cidade não tem desabrigados ou desalojados, mas segue o monitoramento de arroios e mananciais. “Também estamos avaliando a situação das estradas do interior. Amanhã (hoje) devemos decretar emergência”, disse o vice-prefeito, José Cláudio Ávila da Silva. É monitorada a situação das chuvas em Herval, uma vez que o acumulo de água chega até o arroio.  Na região do Liscano, 8 famílias foram atingidas pelas cheias e estão ilhados não conseguindo se deslocar para o município. Na Estrada da Solidão também há pontos de alagamento. Em Santa Isabel uma família está alojada em barracas e outra precisou deixar seus bens na igreja por prevenção.

Na fronteira com o Uruguai, o rio Jaguarão segue em constante monitoramento por autoridades, defesa civil e Exército. O prefeito Rogério Cruz suspendeu o transporte escolar na zona rural até a próxima segunda-feira. No início da tarde a chuva era calma na cidade. Em torno de 40 famílias, moradoras da área ribeirinha estão desalojadas, por precaução.  O rio Jaguarão permanece em nível que invade as casas na vila Vencatto. Mesma situação acontece na avenida Beira Rio.

Em Rio Grande chove bastante de forma intermitente. Além do arroio das cabeças, a prefeitura e a Defesa Civil seguem o monitoramento na situação da Lagoa dos Patos, pois 27 rios desaguam no local e durante a noite de ontem chegou a aumentar 75 centímetros o nível, que durante a quarta-feira recuou. Na noite passada, na Vila Santo Antônio sete pessoas foram deslocadas para o abrigo instalado na Vila da Quinta totalizando 89 pessoas no local. Conforme a Defesa Civil o Arroio das Cabeças segue cheio, subiu novamente durante a madrugada. “Temos alguns pontos de alagamento, além de alguns transtornos, mas nenhum problema grave. Seguimos de prontidão”, garante o secretário executivo da defesa civil municipal, Anderson Montiel.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895