Perspectiva de mais chuva nesta quarta volta a preocupar moradores de Caraá

Perspectiva de mais chuva nesta quarta volta a preocupar moradores de Caraá

Município com cinco mortes pelo ciclone da semana passada está com trabalhos de reconstrução em andamento

Felipe Faleiro

Itens continuam sendo recebidos no CTG Sentinela dos Sinos, na sede de Caraá

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A previsão de chuva para esta quarta-feira traz nova preocupação aos moradores do Litoral Norte e Região Metropolitana, já assolados pela chuvarada e subida de rios e arroios após o ciclone extratropical entre quinta e sexta-feira da semana passada. O saldo de mortes pela passagem do fenômeno chegou a 16, sendo cinco em Caraá, o município mais afetado pela tormenta. Enquanto isso, na cidade, o trabalho continua no gabinete de crise montado pela Prefeitura e órgãos de apoio, como Defesa Civil Estadual e Nacional, Exército e Brigada Militar. 

Já as buscas a desaparecidos estão encerradas. Conforme a Defesa Civil Estadual, seguem hoje as 1.514 pessoas desabrigadas e 14.605 desalojadas no Rio Grande do Sul, mesmo número de domingo. “A situação preocupa, pois muitos estavam com os móveis fora de casa na tentativa de limpar, secar e salvar algo. Seguimos recebendo itens que vão chegando, e organizando a logística da distribuição, com apoio do Exército”, afirmou o jornalista Bolívar Gomes, ex-vereador de Caraá e assessor da Casa Civil Estadual.

Segundo ele, a maior necessidade do município no momento é de material escolar. Ainda há localidades inacessíveis por via terrestre, como Alto Pedra Branca, onde há ao menos três pontes quebradas. “É um local com bastante dificuldade e acesso bem precário”, pontuou ele. No final de semana, a Prefeitura abriu caminho em estradas vicinais pela localidade do Arroio do Carvalho, onde há uma ponte do mesmo nome, que caiu com a chuva. O acesso alternativo em questão fica ao lado desta. 

A enfermeira Maricel Dittrich e a médica da família Tuany Rodrigues, que atuam em Caraá, estiveram no interior do município via helicóptero da BM para entregar medicamentos para 30 dias e para cerca de 17 famílias. “Conseguimos caixas de gelo para poder conservar estes remédios, e conforme ele vai derretendo, vamos trocando”, afirmou Tuany. A médica trabalha no posto de saúde da localidade do Rio dos Sinos, que foi destruído com o ciclone. De acordo com ela, o município está com um projeto de trazer psicólogos e psiquiatras de fora da cidade para ajudar em questões de saúde mental à população, por meio de atendimentos online. 

No entanto, para isto, será preciso reestabelecer a energia elétrica e o sinal de Internet em muitos locais onde ainda não há. “Caraá é um município onde temos muitos problemas para a parte mental. Muitos depressivos e ansiosos, por ser um município pequeno. Inclusive um dos medicamentos que levei são antidepressivos de uso contínuo”, conta Tuany. “Na Pedra Branca, muitos pacientes vieram, me abraçaram e choraram, então sentamos e conversamos como se fôssemos a família deles. Mas eles estão bem. Abraçamos e acolhemos. Vamos conseguir superar isto”.


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