Pintando e brincando, menino com autismo descobre talento e ajuda na renda familiar

Pintando e brincando, menino com autismo descobre talento e ajuda na renda familiar

Morador de Esteio, Daniel foi diagnosticado com 2 anos

Fernanda Bassôa

A produção dos itens é feita de acordo com a chegada das encomendas e os materiais são enviados pelo correio para todo Brasil

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Morador de Esteio, Daniel Monhos Dias, o pequeno Dani, 7 anos, diagnosticado com autismo aos 2 anos, ajuda na renda da família ao explorar seu talento e criatividade no papel, quadro negro ou no tablet. Os desenhos em formato de ônibus, caminhão, casas e dinossauros, que auxiliam no desenvolvimento e no contato do garoto com o mundo exterior, acabaram tomando conta de canecas, guarda-chuvas, chaveiros e camisetas, auxiliando a família a enfrentar a crise e os efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus.

“Arte do Dani nasceu por acaso, a partir de uma brincadeira. Quando ele ganhou o tablet, baixamos um aplicativo de desenho livre e ele começou a criar. Um dia peguei o tablet e fiquei surpresa com a quantidade de desenho legal que ele mesmo salvava. Ficamos encantados e decidimos colocar algumas das ilustrações em canecas e presentear parentes. Um familiar foi falando para o outro e os amigos também começaram a pedir para comprar. Isso foi um pouco antes da pandemia, era tudo brincadeira. Agora nossa renda atual é o benefício dele e mais o que entra da venda das canecas”, disse a mãe Oneida Teixeira Munhos, 37 anos, dona de casa.

Com a chegada da pandemia e a avalanche de contágios, a renda da família ficou comprometida porque o pai do garoto, Caio Dias, 37 anos, é músico, e com o fechamento de bares e cancelamento de festas, o que já era difícil, ficou ainda mais complicado. “A arte digital feita pelo Dani no tablet, que tem nos salvado dos apertos financeiros, é reproduzida para as canecas pelo pai sem alterar qualquer detalhe. São todos originalmente autorais.” O menino, que tem pouco desenvolvimento na fala, não mantém diálogos e nem reponde a perguntas, se expressa através dos rabiscos fortes e coloridos, além dos abraços carinhosos, como assegura a mãe. “Ele sempre foi um menino calado, mas com carinho no olhar, sorridente e alegre. Ele tem uma maneira peculiar de ser. Autismo não tem rosto.” Segundo ela, os desenhos ajudam muito o Dani a se concentrar, imaginar e se expressar.

“Ele reproduz tudo o que vê, até mesmo o carro do ovo que passa aqui na rua. Os desenhos dele têm um traço muito criativo. É uma arte diferente, que vem dele, do querer dele, vem de dentro do coração. O Dani desenha todos os dias e eu perdi as contas de quantos desenhos ele tem no tablet”, fala ela, orgulhosa.

Feitas de polímero, cerâmica ou alumínio, as canecas são de 300 ml e custam entre R$25 e R$45 cada. As camisetas de poliéster, disponíveis do tamanho infantil ao GG, custam entre R$30 e R$45. A produção dos itens é feita de acordo com a chegada das encomendas e os materiais são enviados pelo correio para todo Brasil. As obras do Dani podem ser conhecidam pelas páginas do Facebook Arte do Dani e Daniel Aqui mora um autista. O contato com a família pode ser realizado pelo e-mail artedodani@gmail.com ou pelo telefone e WhatsApp (51) 98036-7400.


Correio do Povo
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