População das ilhas de Porto Alegre inicia retorno para casa mesmo com água nas ruas

População das ilhas de Porto Alegre inicia retorno para casa mesmo com água nas ruas

Moradores afirmam que apoio não está sendo suficiente no local

Felipe Faleiro

Gilberto, Angélica e três dos cinco filhos estavam dormindo em obra antes do retorno

publicidade

Nas ilhas de Porto Alegre, pouco a pouco os moradores retomam suas rotinas depois da histórica enchente que deixou o bairro Arquipélago embaixo d’água no início desta semana. Na manhã desta sexta-feira, a avenida Presidente Vargas, na Ilha da Pintada, continuava praticamente intransitável para o tráfego de veículos em seu trecho mais baixo, fazendo com que a única forma de passagem fosse a pé. De automóvel, a travessia apenas era tranquila por meio de modelos com a suspensão mais alta.

O casal Marco Aurélio da Silva Moreira, piloto fluvial, e Diniffer Caroline da Costa Couto, que está desempregada, disse que se sentem abandonados no Arquipélago. “Não estamos recebendo apoio de nenhum órgão, somente do Exército. Estamos comprando gelo e colocando no isopor. Perdemos muitas coisas, entre elas mais de 20 quilos de carne. Precisamos de apoio”, comentou Moreira. Ainda conforme ele, quem tem energia elétrica, que não é o caso deles, está cobrando cinco reais para carregar o telefone de outros.

Retornando para casa depois de dormir quatro dias em uma obra, o casal Gilberto Rodrigues, açougueiro, e Angélica Ávila, dona de casa, também andava pela água hoje pela manhã, na mesma Presidente Vargas. Eles estavam acompanhados de três filhos menores dos cinco que ambos têm. Os outros dois permaneceram na residência. “Lá ao menos tínhamos água e luz para as crianças. Agora vimos que estava seguro e resolvemos retornar”, afirmou Rodrigues.

As três unidades de saúde do Arquipélago, Ilha Grande dos Marinheiros, Pintada e Pavão, permanecem fechadas em decorrência das enchentes, de acordo com a Prefeitura, que chegou a resgatar cerca de 2,1 mil pessoas na área das ilhas. Na quinta-feira, 199 pessoas seguiam acolhidas em abrigos da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), na Casa do Gaúcho, Departamento Municipal de Habitação (Demhab) e 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), e também donativos de diversas empresas já foram entregues.

Os itens passarão por triagem antes de serem disponibilizados à população. Três enfermeiros e um médico estão apoiando a população às margens da BR 290, em uma parceria da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e do Sesi. Além disto, há o apoio de equipes da área de saúde mental para atendimento da população atingida pelas cheias.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895