Porto Alegre confirma primeiro caso de dengue do sorotipo 2 de sua história

Porto Alegre confirma primeiro caso de dengue do sorotipo 2 de sua história

Caso é autóctone, ou seja, contraído dentro do município, e tipo inédito pode evoluir para sintomas mais graves

Felipe Faleiro

Agentes terceirizados da DVS aplicaram inseticida na manhã de hoje, próximo de onde mora a pessoa infectada

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A circulação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, novamente volta a assombrar a população e preocupar os gestores em Porto Alegre. Nesta quarta-feira, dois agentes da empresa Desintect, acompanhados por equipes da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) da Capital, procederam com a aplicação de inseticida em quatro ruas da Vila São José, na zona Leste, em razão da confirmação do primeiro caso autóctone da doença, ou seja, contraído dentro do município. A aplicação ocorreu em um raio de 150 metros de onde mora a pessoa infectada.

Até a manhã de hoje, há também mais nove casos importados, de pessoas que viajaram a outros locais, três deles do município de Encantado, no Vale do Taquari, que concentra o maior número de notificações em 2023 até o momento no Rio Grande do Sul. Segundo a diretora-adjunta da DVS, Fernanda Fernandes, que acompanhou os trabalhos hoje, chama a atenção que este caso autóctone é da dengue do sorotipo 2, inédito na Capital, o que reforça ainda mais o alerta. No ano passado, a Capital viveu o momento mais crítico de sua História relacionado à dengue, com 4.667 casos confirmados e quatro óbitos.

"Sempre tivemos [casos] do sorotipo 1, e este novo isolamos a partir de testes no nosso laboratório. Por isso estamos avaliando esta região, realizando uma medida segura", comentou Fernanda. Ainda de acordo com ela, o sorotipo 2, tem sintomas levemente diferentes do que o encontrado até então em Porto Alegre, e que podem inclusive ser mais graves. "De forma geral, a pessoa vai sentir as mesmas coisas, como dor no corpo e articulações, febre, náusea, vômito. Por isso, temos que estar presentes para fazer este monitoramento".

Ainda segundo Fernanda, é importante que a população faça sua parte, eliminando focos de água parada e vistoriando seus domicílios. "O controle químico resolve apenas uma parte do problema, somente quando o mosquito ainda não estiver voando. Depois que ele sai, é mais difícil fazer o controle", ressaltou a diretora-adjunta. A residência do microempreendedor Pedro Araújo foi uma das vistoriadas hoje. Ele afirma morar no bairro São José há cerca de um mês, com a esposa e duas irmãs dela. 

"Minha mãe teve dengue há pouco tempo e apresentou alguns sintomas, mas depois melhorou. Acho importante este monitoramento para que possamos manter certo controle", afirmou ele. Na divulgação mais recente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entre os dias 18 e 25 de fevereiro, a Capital permaneceu no nível de alerta, com índice de infestação 0,55, com a coleta de 444 fêmeas em 232 das 813 armadilhas instaladas pelo município.


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