Porto Alegre: floristas reclamam das estruturas montadas na Otávio Rocha

Porto Alegre: floristas reclamam das estruturas montadas na Otávio Rocha

Espaço tem capacidade para abrigar até 16 bancas no Centro Histórico

Felipe Samuel

Florista Carlos Humberto Kessler afirma que porta dá menos visibilidade para proprietários e clientes

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Duas semanas após se instalar nas bancas localizadas na rua Otávio Rocha, floristas reclamam de problemas na estrutura montada no Centro Histórico. Além da dificuldade para expor os produtos dentro dos módulos, os comerciantes se queixam de um degrau na entrada de cada banca, que oferece riscos aos usuários que acessam as bancas - especialmente idosos. O espaço tem capacidade para abrigar até 16 bancas.

Nara Flores, que trabalha há 25 anos com floricultura, reclama do espaço reduzido dos módulos. Ficou pouco espaço para a gente. “O projeto é muito bonito, mas não é funcional. Acredito que o arquiteto deveria ter nos consultado, visitado o estande, questionado quais as nossas necesssidades e como seria melhor para nós. Isso ficou faltando”, avalia. Conforme Nara, a falta de sinalização do calçamento, principalmente do degrau que antecede o acesso às bancas, é um problema recorrente.

“Por três vezes já aconteceu de idosos não perceberem o degrau e quase sofrerem acidentes. O projeto é muito bonito, mas não é funcional. Quando a gente vai construir uma casa, o arquiteto tem uma planta. E ele vai consultar os moradores para saber as necessidades dos moradores. Isso faltou”, ressalta. Ela destaca ainda a dificuldade para expor as flores ao público. “A exposição dos produtos também ficou difícil, porque o nosso produto está para dentro, não está para fora, não aparece, ficou escondido”, afirma. 

Outra florista que atua no ramo há 30 anos, Silvana André também reclama da falta de diálogo com os responsáveis pelo projeto. “O arquiteto fez o bonito para o povo achar bonito e o feio para a florista. Esqueceu da florista. Realmente é bonito olhando de fora, mas não é funcional, não funciona para nós. Não atrai público, nada”, dispara. “Todos os produtos ficam escondidos, não tem como demonstrar”, completa. Ela garante que os floristas alertaram sobre os problemas, mas não foram ouvidos.

“Relatamos isso desde que esse módulo estava na fábrica. Era pegar ou largar. Nós decidimos pegar. Agora não podemos reclamar. Temos que tocar a vida. Se desse para ajustar esse degrau ajudaria no dia a dia para as pessoas, principalmente idosos e deficientes visuais. Vai ser difícil a prefeitura ajustar alguma coisa”, ressalta. O florista Carlos Humberto Kessler avalia que o projeto ficou bom, mas precisaria passar por alguns ajustes para atender as necessidades dos comerciantes.

“O problema é a porta que atrapalha tudo, atrapalha a visibilidade, atrapalha para a gente trabalhar. Fora isso, a gente vai se adaptar. O ideal seria uma cortina na porta, que seria até mais seguro”, salienta. Sobre o degrau na entrada da banca, ele afirma que seria importante colocar uma rampa para facilitar o acesso. “O espaço interno ficou bom,perdemos espalo interno mas tudo bem. A gente leva o cliente para dentro do estabelecimento e fica mais fácil”, afirma.

Em nota, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) informa que o “degrau atende os requisitos de acessibilidade para que tanto um cadeirante, ou pessoa com dificuldade de locomoção possa subir”. Sobre o espaço, a Smoi explica que buscou privilegiar todos os espaços da obra do quadrilátero para a caminhabilidade. “Os floristas tem uma área para fazer sua exposição, que é dentro daquela área ali, permitindo que tenha pelo menos 90 cm, para que se possa deslocar porque esse é o espaço para um cadeirante ou pessoa com dificuldade de locomoção”, completa.


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