Presença de jacaré no Guaíba segue sendo incógnita para moradores da zona Sul de Porto Alegre

Presença de jacaré no Guaíba segue sendo incógnita para moradores da zona Sul de Porto Alegre

"Quando o verem, será que vão maltratá-lo?", questiona empresária que vive na área onde animal foi visto

Felipe Faleiro

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O jacaré-de-papo-amarelo que apareceu na semana passada no Guaíba, na área do bairro Tristeza, zona Sul de Porto Alegre, nãofoi mais visualizado na área, dizem moradores do entorno da rua Vicente Failace, onde há um acesso para o curso d’água. Afeito a tomar sol em dias quentes, ele pôde ser observado com mais atenção há alguns dias, embora o monitoramento do réptil siga sendo realizado pelo Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM). Caso ofereça riscos à população humana, é possível que haja intervenção.

A presença do animal não provocou mudanças na rotina dos moradores que vivem na região, mas o fato em si impressionou. A empresária do setor de Educação Silvana Stefani vive há quatro meses em uma residência localizada de frente para o Guaíba. A casa da família possui, inclusive, uma rampa para barcos, que termina em uma profusão de aguapés, onde o animal pode estar se camuflando. Silvana disse que não viu o jacaré e tampouco conhece quem o tenha visto. “As pessoas, sabendo agora que existe um jacaré nas proximidades, talvez não saberão lidar muito bem com isto. O que me preocupa é a forma com que irão lidar caso realmente vejam este animal. Será que vão maltratar, pegá-lo, apedrejá-lo?”, questiona a empresária.

Para a capitão Morgana Pereira, comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão de Polícia Ambiental da BM, poderia inclusive ser aconselhado um cercamento da área, caso o animal estivesse causando perturbação. “Teria que ser verificado com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) se é uma área pública e que demanda a atenção do órgão público, ou se é uma área privada. Neste caso, teria que haver uma deliberação dos moradores, para a proteção deles próprios”, comentou ela.

De qualquer forma, o animal não foi localizado em meio às inspeções da BM, que realizou levantamento fotográfico da área do Guaíba por onde ele pode ter circulado. Na semana passada, a reportagem do Correio do Povo flagrou um jacaré na água, junto à Vicente Failace, porém, questionada, a capitão Morgana afirmou que não seria possível confirmar se era o mesmo exemplar procurado pelos policiais. Geralmente, segundo a BM, os jacarés-de-papo-amarelo não costumam atacar pessoas. Ao contrário, reagem à presença humana fugindo para dentro da água.

A região do Guaíba é habitat natural desta espécie, que está na lista de ameaçadas de extinção. As principais recomendações são não alimentar o animal e evitar aproximações. “As pessoas não devem se aproximar para não importuná-lo e não deixá-lo estressado”, disse o comandante do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, capitão Rogério Silva dos Santos. Conforme ele, a maior surpresa ocorre em razão de as pessoas não estarem acostumadas à presença habitual do jacaré.


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