Privatização da Corsan: trabalhadores da companhia aprovam acordo coletivo

Privatização da Corsan: trabalhadores da companhia aprovam acordo coletivo

Audiência geral reuniu 2,5 mil funcionários em Porto Alegre

Felipe Samuel

Reunião que selou acordo coletivo ocorreu no Clube Farrapos, no Jardim do Salso, em Porto Alegre

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Seis meses após o leilão que definiu a venda da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), que foi arrematada por R$ 4,151 bilhões, funcionários vinculados à empresa aprovaram nesta terça-feira, em Porto Alegre, acordo coletivo com a empresa. A decisão envolve a renovação integral do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), com a reposição salarial de 3,83%, variação do INPC do período e prazo de validade de 18 meses a contar do dia 01 de maio de 2023. A audiência geral aprovou proposta de estabilidade de 18 meses para todos os funcionários da companhia, que passará a contar após a assinatura do contrato entre Estado e Consórcio Aegea, além da manutenção por três anos do plano de saúde aos aposentados da Fundação Corsan (Funcorsan) e a extinção das ações na justiça por perda de objeto.

Apesar do acordo, mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT4), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Rio Grande do Sul (Sindiágua) aguarda manifestação do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Justiça (TJRS) sobre a privatização da empresa. O presidente do Sindiágua, Arilson Wunsch destaca a importância do acordo que garantiu estabilidade de 18 meses aos empregados após a assinatura do contrato de privatização. Além disso, WUnsch ressalta a manutenção do plano de saúde pelo menos por 36 meses para quem já está aposentado pela Fundação Corsan. “Foi a melhor proposta que conseguimos trazer em mesa, porque num primeiro momento a Aegea ofereceu quatro meses de estabilidade”, diz.

Ao salientar a resistência do sindicato à privatização, Wünsch afirma que a maioria das privatizações no país ou no Estado garantem geralmente apenas seis meses de estabilidade. Em nota, o Consórcio Aegea informa que o acordo trabalhista derruba último entrave judicial para a desestatização da Corsan. “Com isso, fica automaticamente extinta a ação que questionava direitos trabalhistas dos empregados da Companhia e acabam as barreiras judiciais que impediam a assinatura do contrato de desestatização com a Aegea. Para a conclusão total deste processo, resta o TCE revisar seu parecer, o que deverá ocorrer nos próximos dias”, ressalta.

A Aegea reforça que está pronta para assumir a plena operação dos sistemas de água e esgoto em 317 municípios gaúchos. “Dentro de poucos dias após a assinatura do contrato com o Governo do RS, inicia em todo o estado um mutirão de obras para recuperar os investimentos que já teriam sido feitos caso a empresa tivesse assumido imediatamente após o leilão. O desafio é de grande magnitude: atualmente, apenas 34% da população gaúcha tem acesso à coleta de esgoto e apenas 25% do esgoto gerado é tratado, estatísticas inferiores às médias Brasil”, completa a nota.

Segundo a Aegea, a privatização da Corsan prevê R$ 1,5 bilhão em investimentos, ao ano, nos sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto para 6,5 milhões de gaúchos de 317 municípios até 2033, prazo definido pelo Marco Legal do Saneamento para a universalização dos serviços. “O valor é mais que o dobro do investimento anual máximo da história da Corsan (R$ 643 milhões)”, finaliza.


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