Produtores de frutas de Porto Alegre relatam perdas de até 50% da produção com estiagem

Produtores de frutas de Porto Alegre relatam perdas de até 50% da produção com estiagem

Propriedade de dez hectares, que produz diversas variedades no bairro Campo Novo, sofre com os efeitos da seca

Felipe Faleiro

Ildemar José Piber, morador do bairro Campo Novo, já vê redução no cultivo de melões

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Produtores rurais de Porto Alegre sentem os efeitos persistentes da estiagem que afeta todas as regiões do Rio Grande do Sul. A Capital é uma das centenas de cidades no Estado com decretos ativos de situação de emergência junto à Defesa Civil, o que permite pleitear a agilidade de recursos por parte dos governos estadual e federal. No campo, os efeitos da seca são visíveis nos cultivos das propriedades e na própria produção de alimentos, que reduz com a falta de chuvas e as altas temperaturas.

A família da produtora Giordana Piber e seu pai, Ildemar José Piber, mantém uma propriedade de dez hectares no bairro Campo Novo, na zona Sul, onde cultivam pêssego, ameixa, flores, uva e melão, entre outras frutas. Giordana permanece na banca no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, que integra a 31ª Festa da Uva e Ameixa de Porto Alegre, e afirma que, com a estiagem, houve queda de 40% na produção deste último.

“Meu pai plantou três mil pés de melão, com a ideia de colher por uns dois meses. Como produziu pouco, ele tentou molhar, se fixando no melão e deixando de fazer na bergamota, por exemplo. Isto vai gerar um problema para esta fruta mais à frente. Aí você vai ver lá e têm um pé bem carregado, e dois ou três que não têm nada. Calculamos que teremos uma perda de 50% das frutas que não virão”, salienta Giordana.

A seca, porém, também gera um efeito curioso, o de manter os frutos mais açucarados, já que não retêm tanta água. “Eles estão mais doces como nunca houve”, pontua a produtora. Ou seja, a qualidade geral dos produtos se mantêm. No entanto, a perda ocorre na oferta. “Comentamos que há muitos anos a seca é bem forte, todo ano tem este problema. Nosso solo é um pouco arenoso, então não segura muito a água. Chove em um dia e no outro evapora tudo. A tendência é cada vez piorar mais. Da maneira como foi este ano, fazia muito tempo que não víamos”

O secretário municipal de Governança Local e Coordenação Política, Cassio Trogildo, disse nesta quarta-feira que, a partir do decreto de situação de emergência nas áreas com produção primária afetadas pela estiagem em Porto Alegre, a Prefeitura busca recursos que venham a ser disponibilizados pelo Estado e União. “Estamos estudando algumas medidas que podem amenizar os danos causados pela falta de chuva e contamos com o apoio dos governos estadual e federal, para viabilizar estas ações”, afirmou o titular da pasta responsável pela política de produção primária na Capital.

É também a esperança da família de Giordana, que está na terceira geração de produtores na área rural de Porto Alegre. “Este apoio é muito interessante para abrirmos mais açudes ou melhorar o que já temos. No ano passado, tivemos ajuda do governo e para algumas famílias, foi uma sorte este subsídio. Quem teve perdas em 2022 está tendo pior agora. Elas vão acumulando. Esperamos que, com estes recursos, sejam feitos projetos para evitar o aumento das perdas”, afirma ela.


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