Professora indígena chilena palestra sobre direitos humanos no TRT4, em Porto Alegre

Professora indígena chilena palestra sobre direitos humanos no TRT4, em Porto Alegre

Elisa Loncón, que presidiu a Convenção Constitucional do Chile, foi a convidada da aula inaugural da Escola Judicial (EJud-4)

Kyane Sutelo

A palestrante, Elisa Loncón, e a subprocuradora-geral do Trabalho, Edelamare Melo, anfitriã no evento.

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Os desafios para o avanço dos direitos humanos na América Latina foram tema de palestra internacional em Porto Alegre, nesta sexta-feira. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região recebeu a professora Elisa Loncón, que presidiu a Convenção Constitucional do Chile, para a aula inaugural da Escola Judicial (EJud-4) do órgão. No evento, que teve como anfitriã a subprocuradora-geral do Trabalho Edelamare Melo, a liderança indígena mapuche propôs reflexões, principalmente, com foco nas minorias sociais e na experiência constitucional latino-americana. "Não se pode exercer os direitos humanos se temos minorias sem estes direitos, não considerados iguais, como a diversidade de gênero, os povos indígenas e as mulheres", disse Elisa.

A professora é uma das 100 pessoas mais influentes no mundo pelo ranking da revista Times e uma das 100 mulheres mais inspiradoras, segundo a BBC de Londres, em 2021. Atualmente, é professora de linguística na Universidade de La Frontera, professora adjunta de pesquisa e ensino de mapudungun (língua mapuche) na Universidade de Santiago do Chile, e também professora adjunta da Faculdade de Letras e pesquisadora do Centro de Estudos Indígenas e Interculturais da Pontifícia Universidade Católica do Chile. Em seu discurso no TRT4, defendeu a importância da mescla de culturas de uma nação. "O diferente conta para a convivência, para melhorar o mundo", defendeu.

O diretor da Ejud-4, desembargador João Paulo Lucena, destacou que Elisa é a convidada mais importante nos 17 anos da escola. Segundo ele, a palestrante traz experiências importantes sobre a inclusão. "Temos no judiciário uma pauta muito importante, que é a pauta da equidade, da participação dos grupos minorizados ganha foco do órgão junto com a causa das mulheres, dos LGBTQIA+ e de pessoas com necessidade especiais. Conforme o desembargador, o TRT4 foi o primeiro órgão do judiciário a ter um Comitê de Equidade e pretende seguir sendo pioneiro na atenção à diversidade.

O evento contou com representantes de diferentes órgãos dos poderes gaúchos, além do público em geral, que encheu de olhos e ouvidos atentos o auditório do Tribunal para ouvir a palestrante. A conferência foi aberta com músicas e poemas da cultura latino-americana, ao som de Bruno Coelho, Giovanni Berti e da artista Andréa Cavalheiro, que também foi mestre de cerimônias na ocasião. A palestrante detalhou o processo de construção da nova constituição do Chile e afirmou que o texto não foi aprovado no país por discursos de ódio contra os indígenas e as mulheres. Ela defende que o movimento iniciado é importante e deve seguir. "Dependerá do povo do Chile que as vocês que nasceram ali não se apaguem”, disse.


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