Projeto Gelotecas comemora 4 anos, fomentando o hábito pela leitura e o espírito criativo entre jovens

Projeto Gelotecas comemora 4 anos, fomentando o hábito pela leitura e o espírito criativo entre jovens

A ação também propõe acentuar o sentimento de pertencimento e fortalecer o convívio harmonioso entre as pessoas, colaborando para a cultura da paz

Fernanda Bassôa

Recentemente, 10 novos equipamentos foram grafitados, multicoloridos, por artistas locais

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Em quatro anos de Projeto Gelotecas, mais de 240 geladeiras inutilizadas foram reaproveitadas, grafitadas e transformadas em bibliotecas públicas, colocadas ao ar livre, espalhadas pelas periferias de mais de 20 municípios gaúchos, à disposição da comunidade. Só o município de Canoas foi contemplado com mais de 30 equipamentos, porém, hoje apenas cinco estão ativos. Entre doações espontâneas e arrecadações de livros, revistas, gibis e almanaques, somam-se mais de 30 mil títulos, hoje, em circulação, de forma totalmente gratuita, com livre acesso para todos.

Além de Canoas, cidades como Esteio, Viamão, Sapucaia do Sul, Nova Santa Rita, Guaíba, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo e também no litoral gaúcho, como Tramandaí e Cidreira, também possuem geladeiras recheadas de livros disponíveis para as comunidades. O idealizador do projeto (independente), o produtor cultural e rapper, Adriano de Souza Peixoto, mais conhecido como Adriano Dplay, que vive no bairro Guajuviras, em Canoas, além de espalhar livros pelas periferias e fomentar o hábito pela leitura, também promove oficinas de graffiti e contação de histórias em escolas e em espaços públicos.

Recentemente, em um evento que aconteceu em Canoas, 10 novos equipamentos foram grafitados, de forma multicoloridos, por artistas locais. Estas geladeiras, segundo Dplay, serão instaladas em instituições escolares e centros de referência de atendimento à juventude da cidade. “A nossa proposta vem se modificando ao longo dos anos em razão de que nas ruas muitas Gelotecas são depredadas, furtadas e estragam com a ação do tempo. Dentro das instituições elas têm mais durabilidade e mais cuidado. É claro que nas ruas ainda temos pontos estratégicos, como em frente a mercado e outros estabelecimentos parceiros.”

Mesmo com a mudança dos pontos de instalação, a proposta inicial continua sendo a mesma, conforme explica o rapper. “Fomentar o gosto pela leitura, possibilitar o acesso ao livro e ser uma vitrine, uma porta de divulgação da arte autoral e urbana dos artistas da região, que são muitos. Tudo isso através da circulação das Gelotecas.” Para Dplay, a proposta cria pontos de leitura e estimula o convívio em sociedade. Propõe a troca e o compartilhamento de bens comuns.

“O projeto leva a leitura para regiões periféricas, integrando cultura, desenvolvimento social e a sustentabilidade. As comunidades têm acesso aos livros de forma gratuita, podendo doar e trocar exemplares. Acentua o sentimento de pertencimento e fortalece o convívio harmonioso entre as pessoas, colaborando para a cultura da paz. Desperta o sentimento de solidariedade. Abre portas para o conhecimento”, garante ele, exemplificando que também há o desenvolvimento do lado criativo dos jovens. “Estimula a reciclagem, o reaproveitamento de materiais, tornando a ação uma ideia ainda mais sustentável.”

Dplay também é vice-presidente e coordenador de projetos da Associação Cultural Sétimo Setor, responsável por disseminar a iniciativa para diversas partes do Estado. Ele lembra ainda que a ação é desenvolvida de forma colaborativa entre artistas, produtores culturais, instituições parceiras e comunidades. Hoje, mais de 100 voluntários e 40 artistas estão envolvidos diretamente na ação.


Correio do Povo
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