Projeto Help realiza ação na Estação Mercado da Trensurb para pessoas com depressão

Projeto Help realiza ação na Estação Mercado da Trensurb para pessoas com depressão

Iniciativa estimula, a partir da experiência similar dos voluntários, a quem sofre de problemas de saúde mental

Christian Bueller

Projeto com mais 5 mil voluntários no país, dos quais 800 são gaúchos

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Ouvir. Às vezes, é tudo o que uma pessoa precisa, encontrar alguém que a ouça. Em uma era de milhares de seguidores em redes sociais, mas poucos amigos de verdade, a solidão e a depressão são aliadas fortes contra a saúde mental. Criado em 2017, o Projeto Help é, literalmente, um grito de socorro a jovens e adultos que sofrem de ansiedade, buscam automutilação e nutrem o desejo pelo suicídio. Neste sábado, uma ação ocorreu na Estação Mercado da Trensurb, em Porto Alegre.

Atualmente, o Help conta com mais de 5 mil voluntários em todo o país que ajudam e orientam pessoas que sofrem com os problemas que um dia eles também sofreram e superaram. Somente no Rio Grande do Sul, são 800 voluntários, segundo o coordenador estadual do projeto, Leandro Souza. “A maioria teve essa vivência, problemas de ordem de saúde mental e emocional. Pessoas que tiveram traumas, adquiriram complexos, sofreram abusos e, com a ajuda de voluntários antigos da iniciativa, saíram daqueles momentos difíceis e, hoje em dia, integram o projeto”, conta.

Lugar de grande circulação, a estação recebeu o Cantinho do Desabafo, onde a acolhida se deu com abraço e com cartinhas com palavras de conforto. “É uma parceria que temos com a Trensurb desde o ano passado. E, como passam milhares de pessoas por aqui, conseguimos fazer o maior número possível de atendimentos”, diz Souza. A ação ocorrerá em outras estações, como em Canoas, no próximo sábado. O intuito, segundo o coordenador, é criar uma rede de apoio a quem “não sabe mais onde correr, conversar ou desabafar”. “Tem gente que já tentou se abrir com amigos ou familiares e não conseguiu. Há quem acredite que a única opção viável é tentar o suicídio, a única forma de cessar a sua dor. Mas isso não é verdade. É possível sair da depressão”, ressalta.

Ao contar as duas histórias pregressas de superação, os voluntários demonstram que existem alternativas. “Sabemos que existem pontes e viadutos em Porto Alegre onde algumas pessoas tentar tirar suas vidas. Então, levamos o Cantinho do Desabafo, as cartinhas e nossas ações para estes locais”, explica a coordenadora do Projeto Help na Capital, Fabiana Martens. Uma das iniciativas se chama “Uma Luz na Escuridão”, realizadas durante as noites em passarelas e viadutos.

O projeto também chega em empresas, segundo Fabiana. “Uma vez uma proprietária nos procurou, dizendo que os funcionários ‘estavam adoecidos’. Depois da pandemia, o nosso trabalho só cresceu. Pessoas ficaram reclusas e perderam entes queridos”, afirma. Além destas ações, semanais, ocorrem atividades mensais, maiores, em pontos turísticos de Porto Alegre. Ela lembra de um momento marcante durante um destes eventos. “Uma vez, uma menina falou que estava pensando em cometer suicídio naquele mesmo dia. E, a partir da nossa escuta qualificada e abordagem, ela desistiu. Acontecem bastante casos assim”, destaca Fabiana.  

Entre outros parceiros do projeto estão a CCR ViaSul, com quem desenvolvem ações nas estradas com caminhoneiros, a Ulbra, Senai e palestras nas escolas das redes municipal e estadual.  


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