Proprietária de mercado destruído pela cheia nas ilhas diz não ter recebido vistoria da Defesa Civil

Proprietária de mercado destruído pela cheia nas ilhas diz não ter recebido vistoria da Defesa Civil

Órgão afirma que incluirá nome de Eliane Faleiro na lista da repescagem das visitas para concessão de benefício

Felipe Faleiro

Eliane Fátima Faleiro tinha açougue e padaria há mais de 30 anos na entrada dos Marinheiros

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A vida continua complicada para moradores das ilhas de Porto Alegre, tanto mais pelo novo episódio de chuva nesta segunda-feira, que elevou o nível do Guaíba na régua de medição do Cais Mauá, no Centro Histórico, para 2,02 metros, novamente acima da cota de inundação no Arquipélago, e ainda com o vento no quadrante noroeste. Na Ilha Grande dos Marinheiros, a comerciante Eliane Fátima Faleiro tinha, há mais de 30 anos, um pequeno mercado, açougue e padaria no início da avenida Nossa Senhora Aparecida, a principal da localidade.

Depois da enchente mais recente, no último dia 21 de novembro, quase nada restou do comércio, que agora se assemelha a um local abandonado. Prateleiras inteiras foram descartadas, itens jogados fora, a sujeira toma conta do espaço e há rachaduras enormes por toda parte. Eliane reclama que não recebeu nenhuma visita da Defesa Civil Municipal, a fim de realizar uma vistoria no local, que também é sua casa. 

Sem marido ou filhos, ela teme por sua vida, tanto pela água, quanto pela possibilidade de um desabamento, ou ambos. “Passaram nos vizinhos, olharam a casa deles, mas na minha não vieram. Não sei o que está acontecendo”, lamenta a comerciante. Hoje pela manhã, um sobrinho dela, Fabrício Faleiro, estava no local a ajudando a limpar o pouco que era possível. “Ainda não conseguimos lavar muitas coisas”, argumentou ela. Sem a vistoria, Eliane afirma que também não consegue encaminhar auxílio.

Procurada, a Defesa Civil de Porto Alegre explicou que, em casos assim, possivelmente a moradora em questão não estava em casa no momento das visitas, que iniciaram no mês de outubro e somente cessaram temporariamente na enchente mais recente. Nestes casos, o órgão retorna em outro momento. A Defesa Civil, por meio da assessoria de Comunicação, disse ainda que ela e outros moradores com o mesmo problema podem procurar a subprefeitura das ilhas, na rua Capitão Coelho - Praça Salomão Pires de Abraão, s/nº, Ilha da Pintada, para ter certeza que a visita será feita.

Questionado sobre o motivo de certos locais do Arquipélago não receberem visitas, o órgão explicou que isto pode acontecer em lugares fora das chamadas “manchas de inundação”, como pode ter acontecido também com Eliane, mas reforçou que incluiria o nome e endereço dela na listagem da repescagem das vistorias para que os técnicos fossem até sua residência. Não há data para isto, porém, nesta segunda, os vistoriadores estavam na Ilha da Pintada, ainda conforme a assessoria.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895