Protesto reúne motoristas de aplicativos em Porto Alegre

Protesto reúne motoristas de aplicativos em Porto Alegre

Categoria reivindica aumento na tarifa do quilômetro rodado

Felipe Faleiro

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Motoristas de aplicativos realizaram um protesto na manhã de hoje em Porto Alegre, saindo do Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, até a sede da Uber, na avenida Carlos Gomes, no Petrópolis. A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do RS (Simtrapli-RS), Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma RS) e União Gaucha de Motoristas Autônomos (Ugama), reivindicou, entre outras pautas, melhores condições de trabalho aos condutores atuantes na Uber, 99 e inDrive.

“A comunicação das entidades com as plataformas é a mesma delas com os motoristas de aplicativo, nada transparente. Elas até ouvem alguma coisa, mas não fazem menção nenhuma de resolver os problemas dos motoristas em geral. É sempre muito complicado”, afirmou a presidente do Simtrapli-RS, Carina Trindade. Conforme ela, participaram por volta de 280 veículos. Representantes das entidades foram recebidos pelas empresas, que prometeram encaminhamento das questões junto às sedes nacionais.

No documento entregue às empresas, é citado “sentimento de ansiedade e desespero”. “Estamos cansados de trabalhar longas horas, colocar nossas vidas em risco e mal conseguir pagar as contas”, diz o documento. A categoria pleiteia ainda um reajuste para, no mínimo, R$ 1,80 na tarifa pelo quilômetro rodado e R$ 0,30 por minuto de corrida, bem como R$ 10,00 nas viagens de até três quilômetros. Pede ainda o fim da tarifa variável, proteção de dados dos motoristas de aplicativos e “maior segurança, com cadastro rigoroso do passageiro, com foto e documento de identificação”. 

Outro dos pleitos é a reativação de uma motorista que teria sido agredida durante o trabalho por duas passageiras que haviam embarcado pela Uber em Cachoeirinha e descido em Canoas, no último domingo. Segundo Carina, a condutora já estava na corrida seguinte, para Gravataí, quando teria recebido uma ligação pela plataforma da passageira anterior, perguntando se ela havia localizado um celular. A motorista confirmou, mas disse que apenas o entregaria quando retornasse, pois estava distante. “Mas elas queriam naquele momento”, disse a presidente do Simtrapli-RS.

Ambas combinaram a entrega na delegacia de Esteio. Quando a motorista chegou ao local, foi agredida. “Deixaram a colega toda machucada, quebraram os óculos e o celular dela”, contou Carina. A motorista, na sequência, ainda foi banida da plataforma. “Queremos que a colega volte a trabalhar. A Uber disse que só vai se posicionar após a conclusão do inquérito. Ela é mãe solo, precisa sustentar a família”. A reportagem procurou Uber, 99 e inDrive para posicionamentos quanto aos assuntos abordados no protesto.  

Reposta da Uber 

Em nota, a Uber respondeu sobre as reivindicações. Sobre os ganhos, a empresa disse que informa em seu site o ganho médio de seus colaboradores de acordo com a cidade e o número de horas trabalhadas. "Qualquer pessoa pode consultar os dados e inclusive verificar detalhes sobre a metodologia de cálculo. Esses custos são bem específicos para cada motorista parceiro, já que cada um escolhe como quer usar a plataforma. Há diversas variáveis para serem levadas em conta de acordo com o perfil do parceiro, como o modelo de veículo (potência do motor, eficiência de consumo etc.), se o veículo é próprio ou alugado, o tipo de combustível usado etc."

Em relação a segurança, a Uber disse que o assunto é tratado como prioridade que o aplicativo oferece ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, para os motoristas e para os usuários.  "Durante a viagem, o aplicativo conta com o botão Recursos de Segurança, que reúne todas as funções de segurança da plataforma. O recurso, permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Ao pressionar este botão, além de efetuar a ligação, o usuário será informado de sua localização atual e informações do veículo em viagem. No Rio de Janeiro, esse recurso já foi integrado com o serviço 190 para que os operadores do serviço de emergência recebam automaticamente a localização em tempo real e os dados da viagem em que foi originada a chamada. O projeto reproduz uma integração que a Uber já faz com os serviços de atendimento a emergências em mais de 1.200 cidades dos Estados Unidos e 29 estados do México" , dizia parte da nota.

A empresa disse ainda estar à disposição das autoridades e que possui um portal exclusivo, disponível 24 horas por dia, para consulta de casos criminais ou investigações.

Foto: Alina Souza 


Correio do Povo
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