Queda de energia elétrica causa transtornos no interior de Santa Cruz do Sul

Queda de energia elétrica causa transtornos no interior de Santa Cruz do Sul

As constantes falhas de abastecimento provocam prejuízos para agricultores e comerciantes

Otto Tesche

A família de Roselene gastou R$ 4,6 mil com a compra de um gerador

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O simples sinal de chuva causa apreensão entre os moradores de localidades do interior de Santa Cruz do Sul. A aflição existe em razão das frequentes quedas de energia elétrica e a demora para a RGE restabelecer o abastecimento. O problema causa transtornos e prejuízos tanto a agricultores como donos de estabelecimentos comerciais e impede investimentos em melhorias nas propriedades. As falhas de fornecimento de energia elétrica no município serão debatidas em reunião nesta sexta-feira na Câmara de Vereadores, proposta pelo vereador Elstor Desbessell. O encontro começa às 14h e terá presença do gerente de serviço de campo da RGE, Tiago Engroff, e do coordenador de obras da companhia, Jorge Pereira.

O agricultor Paulo José Rabuske, 52 anos, de Alto Boa Vista, relata que em dezembro conseguiu fazer a ordenha das vacas apenas duas vezes em uma semana com o uso de energia elétrica. Ele gastou 150 litros de óleo diesel com o gerador para realizar o trabalho e manter o resfriamento da produção de 500 litros diários. Rabuske destaca que a despesa para a compra do combustível eleva muito o custo da produção e lembra a demora até obter atendimento da RGE. Na mesma localidade, o comerciante e agricultor Odélio Fischer, 63 anos, também ficou quatro dias sem energia no fim do ano passado. E nem mesmo na noite de Natal teve luz em sua casa. Ele relata que os problemas aumentaram após as obras de melhoria na rede elétrica há poucos meses. “E o atendimento quando ligamos para o 0800 é horrível, pois precisamos esperar por meia hora.” 

Mesmo com gerador, o comerciante Elias Wehner, 42 anos, já perdeu vários produtos no seu estabelecimento em São Martinho por falta de energia elétrica. Ressalta que a rede passa pelo mato, com galhos próximos, que causam problemas com qualquer vento. Segundo ele, equipes da RGE já verificaram a situação, mas informaram que não podiam fazer o corte das árvores. “Quando a queda acontece pelas 17h ou 18h é certo que o restabelecimento ocorre apenas às 10h do dia seguinte.” A agricultora Roselene Dreissig Wermuth, 42 anos, de Linha Chaves, também se queixa do aumento na precariedade do serviço de energia elétrica nos últimos anos. Afirma que a RGE leva dias até mesmo para restabelecer uma simples queda da chave do transformador. A família gastou R$ 4,6 mil com a compra de um gerador após quatro dias sem energia em janeiro. 

Os problemas com as frequentes quedas de energia elétrica também preocupam o secretário de Agricultura, Elo Schneiders. Ele afirma que a situação está no limite e há a necessidade de melhorias com urgência. Destaca que, além dos transtornos para o trabalho e a manutenção dos alimentos nos freezers, a deficiência em muitos lugares impede qualquer projeto de instalação de agroindústrias pelas péssimas condições da rede de energia elétrica. “Há lugares onde é preciso desligar todos os outros equipamentos elétricos ao usar o chuveiro”, lamenta. 

Por meio de sua assessoria, a RGE informou que possui vários canais de atendimento do call center. Em dias de fortes temporais, como os sofridos pelo Rio Grande do Sul nos últimos dois meses, é possível que haja uma demanda mais elevada e, em alguns momentos, maior dificuldade em contatar a distribuidora por este meio. Contudo, as outras formas de contato também servem para registrar falta de energia, todas de maneira gratuita. Quanto às questões existentes nas localidades do interior de Santa Cruz, a empresa informou que irá verificar pontualmente e informará a situaçao.


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