Queda de postes ameaça moradores da Vila Tarso, em Porto Alegre: “não se importam com a gente”

Queda de postes ameaça moradores da Vila Tarso, em Porto Alegre: “não se importam com a gente”

Defesa Civil constatou risco no bairro Mario Quintana; região está sem luz desde terça-feira

Marcel Horowitz

Postes envergados pela força do vento geram risco a moradores do bairro Mario Quintana

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A devastação ocasionada pelo temporal gera perigo à Vila Tarso, no bairro Mario Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. O maior risco é a queda de postes, envergados pela força do vento, além de fios desencapados. A região está sem luz desde a última terça-feira.

A Defesa Civil recomenda que os imóveis construídos no entorno dos postes sejam esvaziados. O temor é que as estruturas desabem sobre as residências.

Um laudo atestou a eminência de queda em um pilar, na esquina das ruas sete e cinco. O trecho da rua foi bloqueado pela EPTC.

Edelvira Conceição Rodrigues da Silva Machado, de 68 anos, mora na área de risco. Ela conta que, após o alerta, foi obrigada a se mudar para a casa da filha.

“Se o poste cair, minha casa vai ser destruída e também ocorrerá um incêndio, pois está energizado. Pedimos ajuda há quase uma semana e nada acontece. Quem vai pagar pela minha casa? E se alguém morrer? Será que o poste vai ter que cair para algo ser feito?”, questionou a idosa.

De acordo com Marlon Vieira, de 30 anos, os próprios moradores decidiram se mobilizar e recolher os fios e cabos. A decisão deles é fruto da demora no atendimento. “A verdade é que não se importam com a gente. Pagamos contas e impostos, mas ninguém liga para nós”, desabafou.

Benta Barbosa Machado, de 65 anos, é vendedora de salgados. Os alimentos estragaram por conta da falta de energia. A idosa mora com uma neta, de 11 meses. “Ela chora quando está escuro. Tenho que ir até a casa da minha filha e carregar luzes de led, para termos iluminação. Em relação ao meu trabalho, perdi tudo.”

Patrícia Trilha é dona do Mini Mercado Dois irmãos, localizado na rua nove. O estabelecimento ofereceu freezer e geladeira para que os moradores guardassem alimentos. “Tentamos ajudar da melhor forma possível, mas o espaço não comporta todos os produtos. A maior parte acaba indo fora”, contou a proprietária.

Cássia Juliana Silva da Silva, de 39 anos, mora com quatro filhos. Eles tem idades entre 9 e 21 anos. O caçula é hiperativo e tem transtorno do espectro autista.

A moradora relata que, pela falta de energia, o remédio da criança acabou estragando, porque precisa ser armazenado na geladeira. “Ele não consegue mastigar, então toma medicação líquida. O remédio custa mais de R$ 250 e precisa de refrigeração, por isso estragou. Meu filho já teve duas crises desde terça-feira.”


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895