Quinto dia de greve dos aeronautas prejudica voos de Porto Alegre para o Natal e ano novo

Quinto dia de greve dos aeronautas prejudica voos de Porto Alegre para o Natal e ano novo

Ontem, categoria rejeitou nova proposta apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Felipe Faleiro

Filas se formaram em frente ao balcão da Gol na manhã desta sexta no Salgado Filho

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A greve dos tripulantes de companhias aéreas teve novo capítulo nesta sexta-feira, quinto dia de paralisações da categoria. Na noite de quinta-feira, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) rejeitou, pela segunda vez, por quase 60% dos votos, uma nova proposta apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), a fim de encerrar a mobilização que ocorre desde a última segunda-feira em oito terminais do país, incluindo o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. Há preocupação relacionada com as festividades de final de ano, como Natal e réveillon.

A proposta mais recente apresentada pelo TST, e trazida pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) foi de reajustar salários fixos e variáveis em 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais aumento real de 1% sobre diárias nacionais, piso salarial, seguro, multa por descumprimento da convenção e vale-alimentação. No último sábado, antes mesmo do início da greve, o TST havia proposto 0,5% de aumento real, mais as condições anteriores. A direção do sindicato afirma que o movimento é sólido e vem crescendo. 

Não houve atrasos ou cancelamentos no período entre 6h e 8h, horário em que diariamente ocorre a paralisação, mas os reflexos se fizeram sentir mais tarde, com o atraso em Porto Alegre de cinco voos já previstos para hoje e o cancelamento de, pelo menos, um, com destino a Congonhas, pela Gol, no final da tarde da sexta. “A greve continua, porque entendemos que nossa reivindicação é justa, plausível e muito bem embasada. As empresas estão em situação econômica muito positiva”, disse o comandante Ondino Dutra, diretor do SNA. “O preço das passagens está nas alturas. Entendemos que é justo as companhias compensarem um pouco daquilo que sacrificamos durante a pandemia.”

 

 

Ondino Dutra fala da situação dos aeronautas / Foto: Ricardo Giusti 

Hoje pela manhã, Dutra e colegas de diversas companhias aéreas estiveram reunidos no saguão do Salgado Filho. Dutra exemplifica as falas com dados disponibilizados pelas próprias companhias ao governo federal. Uma delas, segundo ele, apresentou custo total de R$ 6,5 bilhões em 2022, mas somente R$ 367 milhões relacionados aos tripulantes. 

“Ou seja, cada percentual de aumento nos salários reflete em 0,05% de aumento de custo total”, relata Dutra. Em nota divulgada hoje, o Snea afirma que “iniciou as negociações desde os primeiros dias de outubro deste ano para preservar os direitos dos tripulantes, estendendo a validade da CCT vigente até o fim das negociações, e garantir as viagens aéreas dos passageiros, especialmente durante a alta temporada”. O sindicato das empresas aéreas também negou que as companhias estejam em situação econômica confortável. 

Segundo o Snea, “o preço das passagens aéreas foi fortemente impactado por conta da pandemia, da desvalorização do real frente ao dólar e do conflito na Ucrânia, resultando no aumento do preço do petróleo”. Houve também, afirma o sindicato das companhias aéreas, alta de 118% no querosene de aviação na comparação com 2019, e reforça que, de 2016 a 2021, as empresas aéreas acumulam prejuízo de R$ 41,8 bilhões, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).


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