Referência em atendimento público à saúde, Hospital de Clínicas de Porto Alegre completa 52 anos

Referência em atendimento público à saúde, Hospital de Clínicas de Porto Alegre completa 52 anos

Instituição realiza 487 mil consultas, 3 milhões de exames e 44 mil procedimentos por ano

Felipe Samuel

Instituição conta com orçamento de R$ 355 milhões este ano

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Referência de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e de serviços de maior complexidade, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) completou 52 anos de atividades no dia 19 de julho. Mesmo com o desafio de manter o custeio a sustentabilidade da instituição, a direção do HCPA projeta ampliar, até o final do ano, o número de leitos do Centro de Tratamento Intensivo Adulto (CTI) de 62 para 110. Como parte das melhorias na infraestrutura, o HCPA inaugurou em 30 de junho os blocos B e C. As novas instalações ampliaram em 70% a estrutura física da instituição, chegando ao total de 230 mil metros quadrados.

Os novos investimentos visam garantir a continuidade do trabalho da instituição, que realiza 487 mil consultas, 3 milhões de exames e 44 mil procedimentos por ano. O diretor administrativo do HCPA, Jorge Bajerski, explica que muitos procedimentos acabam sendo direcionados para o hospital. Além dos serviços de urgência e emergência, Bajerski afirma que o HCPA é referência no tratamento de doenças raras e Acidente Vascular Cerebral (AVC). O corte de R$ 50 milhões no orçamento deste ano também representa um desafio para os gestores, que precisam driblar as dificuldades financeiras.

“Todo mundo sabe que hospitais predominantemente SUS não conseguem arrecadar recursos suficientes para manter custeio. A tabela do SUS está congelada há muitos anos e os custos da saúde aumentam sempre. Principalmente depois da pandemia, quando tivemos salto no custos de materiais e medicamentos”, alerta. Conforme Bajerski, a diminuição de recursos deve impactar no atendimento do hospital. “Ao longo do ano vamos tentar reverter essa situação. Caso contrário, vamos ter problemas de funcionamento a partir de outubro”, revela. Entre as alternativas, aponta negociações com o governo federal e a bancada gaúcha.

Apesar da redução no orçamento, que totaliza R$ 355 milhões para 2023, o hospital mantém projetos de pesquisa acadêmica com apoio de agências de fomento nacional e internacional. “O hospital produz ciência, com centenas de projetos de pesquisa anualmente que a gente avalia e aprova. Ano passado tivemos 635 artigos científicos publicados. Isso é muito relevante, porque são projetos que ali na frente vão se transformar em inovação e novos tratamentos. E tem todo ensino e busca permanente de qualificação”, completa. Bajerski destaca a inauguração de um centro de simulação.

“Representa um avanço significativo no ensino, porque permite aos alunos fazer treinamento e capacitação em simulação para depois ter contato com doentes de verdade. No passado não tinha essa metodologia de recursos, o contato com os pacientes era precoce”, afirma. A previsão de mais 38 leitos para o CTI também é comemorada. Ele explica que a ideia é colocar os leitos em funcionamento até o final do ano. Por conta do acréscimo de leitos, a ideia é reforçar o número de funcionários, que hoje totaliza 6 mil. “Fizemos um projeto com o governo federal há algum tempo que a prevê liberação de quase mil novas vagas”, diz.

A diretora de Pesquisa do HCPA, Patrícia Ashton-Prolla, afirma que os estudos desenvolvidos no hospital resultam em melhorias para a população. Atualmente, a Diretoria de Pesquisa (Dipe) tem 1,8 mil projetos sob gestão e conta com mais de 30 mil voluntários. Mais de 6 mil pessoas estão envolvidas nos estudos. “Produzimos um volume muito grande de artigos com a marca do hospital. Isso traz um retorno importante para a sociedade, porque muitas dessas pesquisas que fazemos aqui resultam em melhorias”, ressalta. “A gente tem pesquisas em todas as áreas da saúde”, completa.


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