"Resgatei um monte de gente arrastada pela água", diz afetado pela enchente em Eldorado do Sul

"Resgatei um monte de gente arrastada pela água", diz afetado pela enchente em Eldorado do Sul

Cenário no município, onde há 350 pessoas ainda afetadas, e em Guaíba, ainda é de limpeza e reconstrução

Felipe Faleiro

José Cláudio Vieira, morador do bairro Cidade Verde, perdeu praticamente tudo em casa

publicidade

Moradores dos municípios de Eldorado do Sul e Guaíba, no entorno de Porto Alegre, seguiam atentos ao clima nesta terça-feira, depois que a chuva voltou a atingir a região metropolitana. Na terça-feira, a ESF Claudiomiro Kraschefski, no bairro Cidade Verde, um dos locais mais atingidos pelas cheias em Eldorado, voltou a reabrir, assim como as escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Cônego Eugênio Mees e Flor da Terra.

Duas seguem fechadas, em razão dos efeitos da chuva, as EMEFs Luiza Maria Binfaré e José Gomes de Vasconcelos Jardim, bem como os postos de saúde Picada, Chácara e a Farmácia Municipal. De acordo com a Prefeitura, 350 pessoas ainda estão afetadas em Eldorado do Sul, e 300 estão desalojadas. Há também 60 pessoas abrigadas no Ginásio Getúlio Vargas, no bairro Centro Novo. Os bairros mais atingidos seguem sendo Picada e Vila da Paz.

No Cidade Verde, o cenário ainda se assemelha a uma guerra, com muitos móveis nas calçadas, formando pilhas, enquanto os moradores tentam se reerguer como podem. José Cláudio Vieira, conhecido na comunidade como “Brizola”, trabalha com recolhimento de caixas e mora na rua Dique há mais de 30 anos. Assim como diversos de seus vizinhos, ele dificilmente viu uma situação similar a esta, mas afirma que precisa recomeçar. “A água subiu a dois metros na rua”, comentou ele, se referindo ao auge da mais recente cheia, há cerca de dez dias.

De acordo com Vieira, a força da água arrancou o portão de sua residência pelo pilar, arrastando ele pela rua. “Resgatei um monte de gente arrastada aqui”, afirmou, acrescentando que coletou outro portão trazido pela água e o amarrou com uma corda de maneira provisória, apenas para constar que a função é apenas estética, já que seu pátio está aberto. Na mesma rua, um veículo perdeu o pneu e estava amarrado hoje pela manhã por uma das rodas a um poste próximo. 

Conforme o morador, a Prefeitura está fazendo sua parte, recolhendo os entulhos, porém “a demanda é muito alta”. Em Guaíba, a situação é parecida, com água ainda em algumas vias, especialmente na área central. O catamarã segue funcionando normalmente no trajeto entre o município e Porto Alegre. De acordo com a régua de medição da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) no terminal da CatSul, no Centro, a marca alcançada foi de 1,89 metro, em trajetória de queda.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895