Reunião debate falta de acessibilidade para deficientes visuais em obras do Centro Histórico de Porto Alegre

Reunião debate falta de acessibilidade para deficientes visuais em obras do Centro Histórico de Porto Alegre

Deficientes visuais apontaram problemas com falta de piso tátil, com as lixeiras e nivelamento da via na reforma do quadrilátero central

Rodrigo Thiel

Encontro para debater falta de acessibilidade nas obras do Centro Histórico ocorreu na sede da Acergs

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A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara de Porto Alegre realizou mais uma reunião sobre a falta de acessibilidade para deficientes visuais nas obras realizadas no quadrilátero central. O encontro ocorreu na tarde desta terça-feira, na sede da Associação de Cegos do RS (Acergs). Na reunião, foram apontados as dificuldades que surgiram depois que a obra foi finalizada em determinados pontos da região Central da capital.

Conforme o vereador Alvoni Medina, presidente da Cedecondh, o intuito da reunião foi aproximar as entidades que representam os deficientes visuais com a prefeitura, que toca a obra. “Existe uma falta de conversa. Não pode reformar uma cidade se você não conversa com as entidades que são as referências. Outro ponto é que estão colocando o piso podotátil apenas de um lado da rua, inviabilizando o direito de ir e vir dessas pessoas. Além disso, hoje já não tem mais o meio-fio, que era uma referência para os deficientes visuais. Precisamos que haja uma readequação para que eles tenham condições de não arriscar a própria vida no Centro”, apontou.

Um dos primeiros representantes a falar foi o presidente da Acergs, Glailton Winckler da Silva. Ele também citou a falta do piso tátil, as lixeiras e o nivelamento da via como obstáculos para os deficientes visuais no Centro. “Nós já havíamos participado de conversas antes de iniciarem a obra. Hoje, é uma discussão que não precisava existir. Já havíamos apontado isso para a prefeitura. Tivemos ao menos dois relatos pessoas que se cortaram nas lixeiras. O piso só em um lado é uma questão de bom senso. Nós não estamos aqui para criticar por criticar. Nossa postura é desde o início é de construirmos junto”, completou.

Além dele, outros deficientes visuais que representam entidades também se manifestaram sobre a falta de acessibilidade, inclusive citando os perigos que as novas paradas de ônibus, que são de vidro. Vereadores também falaram sobre os relatos de dificuldades que têm recebido. Por parte da prefeitura, quem esteve presente foi o secretário de Obras e Infraestrutura, André Flores. Ele respondeu os apontamentos feitos pelos deficientes visuais e reforçou a intenção da prefeitura em fazer o melhor para todos.

“Infelizmente, no Centro Histórico, nós temos problemas estruturais que não podemos mexer. Um exemplo é que é difícil instalar o piso tátil em tampas. Nós aumentamos a área de passeio de quase todas as vias na obra do quadrilátero. Além disso, por onde passou a obra, não temos mais ambulantes, que era uma das reclamações. As soluções precisam estar conjugadas com novidades tecnológicas e referências de outros países. Nós precisamos melhorar a acessibilidade em diversos aspectos”, pontuou Flores.

Questionado sobre contêineres de lixo que são colocados sobre o caminho tátil, ele afirmou que o relato será encaminhado para o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Dmlu) e que a região onde ocorre a obra possui, ao todo, 153 lixeiras. O secretário reforçou a necessidade de um novo prazo para apresentar soluções para o problema das lixeiras.

Logo após, o presidente da Acergs ressaltou que apenas apresentar soluções para os contêineres em mais 30 dias “é muito pouco”. “Aqui, a gente não tem o básico. O que nós queremos é caminhar sem correr o risco de nos machucarmos. A gente quer sair deste debate com um encaminhamento”, finalizou da Silva.


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