Reunião entre Melo e sindicatos termina sem acordo e greve da Carris é mantida

Reunião entre Melo e sindicatos termina sem acordo e greve da Carris é mantida

Grevistas buscam mudanças no edital de privatização da companhia pública de transporte coletivo

Felipe Faleiro

Melo, vice Ricardo Gomes e secretários estiveram reunidos com sindicatos no Ceic

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Terminou sem acordo na manhã desta quarta-feira a reunião do prefeito Sebastião Melo no Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic) com a comissão de trabalhadores da Carris para tentar impedir a greve dos funcionários da empresa pública de transporte coletivo da Capital. Com isso, a paralisação está confirmada, mas ainda sem data definida, iniciando possivelmente no sábado, quando terminam as 72 horas de prazo legal para o comunicado dos grevistas. A abertura dos envelopes do processo de privatização da Carris está marcada para a próxima segunda-feira.

“Saíram informações de que seríamos contra a privatização, mas não é o caso. Havendo a venda, queremos que haja justiça aos trabalhadores e seja refeito o edital, que tem irregularidades. Não houve consulta a nenhum funcionário da forma como foi feito”, disse a presidente da Associação dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Passageiros de Porto Alegre (Attropa), Rosângela Machado, logo após a reunião. Na noite de terça-feira, os sindicatos grevistas promoveram nova assembleia ratificando a greve, e a reunião de hoje foi para oficializar os resultados ao governo.

Conforme Rosângela, a Attropa está ingressando com três ações, nas esferas trabalhista, administrativa e junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), buscando barrar a venda. Em agosto, a Prefeitura costurou um acordo com o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), garantindo estabilidade de 12 meses para os trabalhadores após a gestão ser assumida por uma empresa privada, porém, em assembleia anterior, no último dia 15, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), também parte do movimento grevista, rejeitou a proposta, alegando que não haveria direito à reclamatória trabalhista. 

No mesmo dia, houve reunião com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), no qual o sindicato ingressou com medida de solicitação de avaliação técnica, que deverá ser avaliada pelo procurador Geraldo Da Camino. Tanto Melo quanto o secretário municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), Adão de Castro Júnior, consideram que a mudança no edital em questão é “inegociável”, e procuraram deixar claro que os grevistas se retiraram de maneira unilateral da mesa de negociações.

“Ao fazer a desestatização, nós, da gestão, pensamos nos trabalhadores em primeiro lugar. Respeito a decisão da greve, mas iremos à Justiça mediar. Foi uma decisão tomada nas urnas, encaminhada devidamente, com todo o processo legal”, afirmou Melo. Conforme Adão, em se confirmando a data do início da greve, a Prefeitura tem um plano de contingência. “A cidade não vai parar. Há uma operação desenhada para que a população não fique desassistida”, observou o titular da SMMU. Hoje, a Carris é responsável por pouco mais de 20% do número de viagens do sistema em Porto Alegre. No entanto, atua com itinerários que passam por locais de grande circulação diária, como o próprio Centro Histórico, 3ª Perimetral, parte da zona Norte e universidades como Ufrgs e PUCRS.


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