Rio e afluentes sobem cerca de seis metros acima do normal após temporal em Maquiné

Rio e afluentes sobem cerca de seis metros acima do normal após temporal em Maquiné

Quase 80 famílias foram encaminhadas para salões no Centro da cidade

Felipe Faleiro

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Esta sexta-feira foi de inúmeros transtornos em praticamente todos os municípios do Vale do Sinos, região Metropolitana de Porto Alegre, Litoral Norte e Campos de Cima da Serra em razão do ciclone extratropical que passou pela costa norte gaúcha e sul catarinense. Conforme o previsto, os ventos superam 100 quilômetros por hora e a chuva foi acima de 300 milímetros em poucas horas, ocasionando alagamentos, deslizamentos de terra, bloqueios em estradas, queda de árvores e falta de energia elétrica. Aulas foram suspensas. Em Maquiné, o rio Maquiné e arroios afluentes subiram cerca de seis metros acima do nível normal, causando problemas em toda a cidade. 

Os estragos no município do Litoral Norte foram percebidos principalmente no interior, em comunidades como Costa do Céu, Mundo Novo, Garapiá e Girassol, entre outras. Segundo o prefeito João Marcos Bassani, é a quarta ocorrência do tipo em poucos anos, porém a de ontem foi a maior delas. Emocionado, ele disse que não havia dormido para atender a população que foi levada para dois salões na área central. 

Durante a noite dessa quinta, cerca de 80 famílias chegaram a ser encaminhada aos locais, mas, nesta sexta pela manhã, mesmo com a chuva e o vento se mantendo intensos, o número reduziu para 50. Voluntários prepararam refeições e café da manhã aos desabrigados, entre eles, crianças e idosos. Roupas, colchonetes e cobertores foram doados às pessoas que perderam tudo. 

“Estamos acostumados. Queríamos voltar para casa, mas não podemos. A gente que, quando enche, a surpresa é grande. Não temos como recuperar nada. Graças a Deus, estamos com vida”, contou a aposentada Carmem Terezinha de Freitas, que estava com outras dez pessoas da família abrigadas no salão, entre eles, uma bebê de apenas nove meses.

O aposentado José Leonir Pires, 54 anos, morador do Centro, chegou a ir, porém voltou a sua residência mais tarde. No percurso, ele conta que escorregou e torceu um tendão do joelho, que ficou inchado. “A chuva veio muito rápida. Nunca tinha visto algo assim. Estava jantando e, quando a água subiu, até larguei tudo”, relatou ele, enquanto andava com muita dificuldade pela casa humilde tomada pela lama. Os poucos itens salvos foram uma geladeira e um sofá, calçados por cadeiras por ele e pelo irmão durante a noite.

Foto: Maria Eduarda Fortes 


Correio do Povo
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