Rio Pardo lembra os 180 anos do Hino Rio-Grandense

Rio Pardo lembra os 180 anos do Hino Rio-Grandense

Programação neste domingo inclui cavalgada com saída do monumento da Cruz do Barro Vermelho

Otto Tesche

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A cidade de Rio Pardo sedia programação neste domingo para comemorar os 180 anos de um dos símbolos do Rio Grande do Sul. Criado durante a Revolução Farroupilha, em 1838, depois que os rebeldes farroupilhas venceram no dia 30 de abril o combate do Barro Vermelho, o Hino Rio-Grandense apresenta uma história com curiosidades desde a primeira versão e até controvérsias.

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo firmou parceria com a 5ª Região Tradicionalista (RT) para os eventos. Uma cavalgada sairá do monumento da Cruz do Barro Vermelho às 8h30min e seguirá até a Ponte do Couto. Depois, os participantes retornam ao ponto de partida. Após, haverá mateada com tertúlia livre, seguida de encenação e culto ecumênico. A partir do meio-dia, ocorre almoço campeiro, no CTG Rodeio da Saudade, que sediará palestras à tarde. Para o encerramento, por volta das 18h, acontece mateada com show do Grupo Fandangaço.

Dados do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) apontam que desde os tempos da Revolução Farroupilha, oficialmente há o registro de três letras para o hino, mas permanece com a melodia original. Pelas pesquisas do historiador rio-pardense Biagio Tarantino, publicadas no Correio do Povo de 30 de abril de 1975, após a derrota do Exército Imperial no Barro Vermelho no dia 30 de abril de 1838, a banda de música completa de um dos batalhões da infantaria legal foi aprisionada. O mestre Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento, estava entre os prisioneiros e teria sido convencido a compor uma peça musical em homenagem à vitória das forças farroupilhas.

A execução do hino aconteceu pela primeira vez no começo de um baile no dia 6 ou 7 de maio de 1838, dado aos chefes e oficiais do Exército vencedores do combate. No entanto, alguns autores gaúchos divergem do fato de que ele teria sido composto em Rio Pardo sob a alegação de que não havia clima para se conceber uma música. A melodia criada por Mendanha era apenas musicada, e o capitão Serafim José de Alencastre, integrante das forças farrapas, decidiu escrever uma letra alusiva à tomada de Rio Pardo. Um ano depois houve a composição de uma nova letra, cantada como Hino Nacional, por autor desconhecido.

Após o fim da Revolução Farroupilha, surgiu a terceira letra, escrita por Francisco Pinto da Fontoura, chamado “o Chiquinho da Vovó”, basicamente a mesma adotada como a oficial até hoje. Mas a música ficou no ostracismo durante muito tempo e voltou à tona no período final da Monarquia, em 1887, pelas mãos do rio-pardense José Gabriel Teixeira, que a publicou no jornal A Federação. Em 1892, houve a sua adoção como Hino Oficial do Estado, juntamente com a letra de Francisco Pinto de Fontoura.

Por ocasião dos preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”, em 1933, um grupo de intelectuais decidiu escolher uma das versões como a letra oficial do hino do Rio Grande do Sul. Com isso, o Instituto Histórico, com a colaboração da Sociedade Rio-Grandense de Educação, fez a harmonização e a oficialização, com a adoção no ano de 1934. A segunda estrofe, no entanto, foi suprimida no ano de 1966, quando o hino foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei 5213 de 5 de janeiro de 1966. Por não conter uma ligação com o Estado, houve a retirada do estrofe “Entre nós reviva Atenas/ Para assombro dos tiranos/ Sejamos gregos na Glória/ E na virtude, romanos”.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895