“Só Deus para ajudar”: o desespero de familiares sem contato com moradores ilhados

“Só Deus para ajudar”: o desespero de familiares sem contato com moradores ilhados

Moradora de Santa Catarina apela para que cunhado seja resgato em Arroio do Meio

Jonathas Costa

Morador de Arroio do Meio está ilhado com outras duas pessoas no telhado de uma casa no bairro Navegantes

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A enxurrada que varreu municípios do Vale do Taquari na madrugada desta terça-feira deixou moradores ilhados em várias cidades da região. Com altos volumes de água nas ruas e precariedade dos serviços de energia e comunicação, a falta de contato entre os atingidos com seus familiares se tornou um drama que atinge também moradores de cidades distantes dos locais mais afetados.

Letícia Paviani, residente de Catanduvas, em Santa Catarina, tenta desesperadamente nesta manhã o resgate do cunhado Vitor Claro, ilhado no bairro Navegantes, em Arroio do Meio. Segundo Letícia, ele e mais dois homens estão presos no telhado de uma casa sem ter como deixar o local.

A sogra, uma senhora de 80 anos, foi resgatada na segunda-feira com o auxílio de um caminhão. “Eles não conseguiram sair porque ficaram realizando a outra parte da mudança. São três casas no terreno e duas delas, de madeira, a água levou. Eles subiram no telhado da outra casa e estão lá até agora. Não tem ninguém para ajudar. Não entra caminhão, não entra barco. Só de helicóptero”, conta, atordoada. 

“A gente está desacorçoado, sem ter o que fazer. Estamos tentando ir até a cidade, mas as estradas estão alagadas. Não sabemos como ajudar.”

Desde às 8h Letícia não consegue mais contato com Vitor pelo telefone. “Ninguém sabe mais o que fazer, a água está chegando, não tem comida, não tem roupa, foi tudo levado embora. Só Deus para ajudar”.

Foto: Vitor Claro / Especial / CP

Defesa Civil de Arroio do Meio pede ajuda da população

Com bairros tomados pelas águas do Rio Taquari, a Defesa Civil de Arroio do Meio apelou na manhã desta terça-feira para que a população evite trafegar nas ruas para facilitar o trabalho de resgate. 

“Peço por favor a gentileza e a solidariedade com as pessoas que estão passando por um momento muito difícil. Estamos muito focados no resgate das pessoas que estão ilhadas. Por favor não venham para o centro, não abram o comércio. Deixem as pessoas trabalharem no resgate. Estamos precisando da solidariedade de todos”, apelou um representante da Defesa Civil da cidade nas redes sociais. O pedido foi reforçado pelo prefeito da cidade, Danilo Bruxel: “Estamos pedindo para as pessoas colaborarem. Há muitos carros circulando e atrapalhando os nossos caminhões que estão retirando as famílias das suas casas”

O trabalho de resgate é realizado pela Defesa Civil, secretarias municipais, o Centro de Referência de Assistência Social e voluntários.  Foi disponibilizado um telefone para emergências: (051) 998824166. Caminhões das secretarias de Obras e Agricultura atuam na remoção das famílias, que estão sendo conduzidas para os ginásios do Glória e da Barra do Forqueta. 

As aulas na rede de ensino municipal e estadual, e a programação da 31ª Feira do Livro da cidade foram suspensas.


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