Santa Casa celebra marco de 100 transplantes hepáticos pediátricos

Santa Casa celebra marco de 100 transplantes hepáticos pediátricos

Complexo hospitalar de Porto Alegre é a referência no procedimento de transplante de fígado para crianças no Rio Grande do Sul

Rodrigo Thiel

Dr. Antonio Kalil, líder do grupo de transplantes hepáticos pediátricos, destacou o fato da Santa Casa ser referência neste tipo de procedimento no Brasil

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Esta sexta-feira foi dia de celebrar a vida através de um marco histórico para a Santa Casa. Em um ato realizado no Centro Histórico-Cultural, pacientes, familiares e equipes médicas do hospital celebraram a realização do 100º transplante pediátrico de fígado na instituição. 

O evento, denominado de “Encontro da Vida”, serviu para recordar e agradecer às pessoas que fizeram parte desta história. Cerca de 20 famílias de pacientes transplantados estiveram presentes no encontro, que também celebrou o Dia Nacional do Transplante de Órgãos, em 27 deste mês.

O Dr. Antonio Kalil, além de diretor-médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa, é também líder do grupo de transplantes hepáticos pediátricos. Ele ressaltou a qualificação da equipe, que é referência neste tipo de procedimento.

“Começamos lá no início dos anos 2000, mas desde 2013 realizamos de forma mais rotineira. E o mais interessante é que a grande maioria desses transplantes são feitos com doadores intervivos, ou seja, quando um familiar doa parte do seu fígado para o paciente. São poucos centros que fazem esse tipo de procedimento de forma rotineira”, citou o médico.

Para ele, a celebração desta tarde vai muito além dos 100 procedimentos realizados. “Esta é, sem dúvidas, uma das situações mais intensas que a gente vive na Medicina. É transformar a vida de uma criança totalmente dependente para um crescimento e para um futuro totalmente normal depois do transplante”, completou.

“Momento de agradecer pela vida”

Um dos primeiros pacientes a passar pelo procedimento foi Raizo Weber Stach, de 10 anos, de Estrela. Ele recebeu o transplante em 2013, quando tinha apenas seis meses de vida e fez questão de comparecer ao evento junto com seus pais, Gilmar e Andrea, e do tio Jonas, que foi o doador. “O pessoal do hospital cuidou de mim, se preocupou com a minha doença e hoje viemos agradecer”, falou brevemente a criança.

Segundo Gilmar Stach, uma semana após o nascimento do filho, a família notou alguns sintomas de que Raizo possuia problemas hepáticos. Ele ficou um período internado em Lajeado antes de ser encaminhado para Porto Alegre, onde foi diagnosticado com atresia de via biliar, ou seja, de que uma veia em seu fígado não havia se desenvolvido.

“Aí começou a luta. Ele precisava ganhar peso para fazer o procedimento. Precisou fazer uma cirurgia de hérnia, pois o fígado dele inchou tanto que comprimia os órgãos”, contou.

Neste período, o pai era o principal candidato a doar parte do fígado para o filho. Entretanto, faltando menos de um mês para o transplante, um exame constatou que ele não poderia ser o doador. 

“Começou uma correria e o tio dele se disponibilizou a doar. Graças a Deus deu tudo certo e hoje ele está com 10 anos, joga futebol, anda de bicicleta e faz até Muay Thay. A gente não poderia faltar nesta ação. A gente deve a vida do meu filho ao esforço deles”, completou Gilmar.

Raizo Weber Stach, de 10 anos, foi um dos primeiros pacientes transplantados na Santa Casa e fez questão de ir com a família no evento. FOTO: Mauro Schaefer / CP

Referência em transplante hepático pediátrico

O marco de 100 procedimentos realizados serve também para consolidar a Santa Casa como uma referência em transplantes hepáticos pediátricos no Sul do Brasil. No RS, o hospital já é referência para pacientes SUS e particulares. 

Apenas em 2022, foram realizados 18 transplantes do tipo em crianças e adolescentes. A equipe médica liderada pelo Dr. Kalil conta ainda com profissionais de outras áreas da saúde, como enfermagem, nutrição, fisioterapia, psicologia e serviço social.


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