Seminário debate a qualidade de vida das pessoas com fibromialgia

Seminário debate a qualidade de vida das pessoas com fibromialgia

O evento, realizado na Câmara de Vereadores, foi organizado pela Frente Parlamentar das Doenças Reumáticas, presidida pelo vereador José Freitas

Paula Maia

O encontro trouxe à tona a realidade dos pacientes e a necessidade de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dos fibromiálgicos

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No Seminário de Conscientização e Enfrentamento à Fibromialgia, realizado na Câmara de Vereadores, nesta quinta-feira, o tema da qualidade de vida das pessoas com fibromialgia foi amplamente discutido. O evento foi organizado pela Frente Parlamentar das Doenças Reumáticas, presidida pelo vereador José Freitas (Republicanos). A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dores musculares generalizadas e crônicas, sem cura conhecida.

No dia 12 de maio, foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia, e dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia revelam que a doença afeta de 2% a 12% da população adulta no Brasil, com maior incidência em mulheres entre 30 e 50 anos de idade.

O vereador José Freitas ressaltou a importância de se trabalhar políticas públicas para lidar com a doença. Ele enfatizou que muitos pacientes sofrem com a falta de qualidade de vida devido às dores constantes. A enfermidade afeta suas atividades diárias, limitando suas vidas profissionais e sociais, e, em muitos casos, levando à depressão.

Freitas também mencionou um projeto em estágio inicial que visa melhorar significativamente a vida dos pacientes, chamado de Central da Dores. Esse centro seria um local onde especialistas realizariam o atendimento e indicariam o tratamento adequado. Ele ressaltou que, muitas vezes, os pacientes consultam médicos que não são especialistas na área, resultando em prescrições inadequadas de medicamentos e agravando a situação.

Um dos palestrantes, o médico reumatologista da Santa Casa Eduardo Rosa abordou os aspectos gerais da fibromialgia, diagnóstico e tratamentos em sua prática diária. Ele ressaltou que os pacientes se sentem invisíveis na sociedade, enfrentando uma série de limitações e dificuldades que nem sempre são visíveis aos olhos. “Muitas vezes, esses pacientes se sentem abandonados por suas famílias, amigos e não são compreendidos em seus ambientes de trabalho. Além disso, existem profissionais de saúde que não possuem a capacidade adequada para lidar com esses pacientes, o que acaba sendo mais uma barreira a ser enfrentada”, declarou. Segundo ele, esses encontros são importantes para, inclusive, preparar a sociedade como um todo.

O especialista afirmou também que o acesso ao tratamento é o principal obstáculo enfrentado pelos pacientes. Ele ressaltou que o principal medicamento para dor crônica, por exemplo, não está disponível na rede pública e destacou que o tratamento da fibromialgia varia muito de paciente para paciente, já que a doença é altamente individualizada.

Karen da Silva, delegada da Associação Nacional de Fibromiálgicos e Doenças Correlacionadas ( Anfibro), abordou o tema da funcionalidade versus incapacidade. Ela destacou a diferença entre esses dois parâmetros, afirmando que as pessoas com fibromialgia não são deficientes, mas sim incapazes de realizar algumas atividades. “As pessoas olham e acham que somos capazes. Eu perdi a minha motrocidade fina, ampla, a reação, a percepção de espaço, então eu eu não consigo mais dirigir. Dependendo do deficiente físico, ele pode dirigir, ele não está incapaz, ele pode exercer a profissão dele. E eu não. É essa diferença que estamos querendo explicar para as pessoas”, declarou. Ela também mencionou o Projeto de Lei 1908/22, que propõe a criação de Centros de Referência para o tratamento da fibromialgia em todos os estados do país, conhecidos como Cefib.

O encontro trouxe à tona a realidade dos pacientes e a necessidade de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dos fibromiálgicos. Entre todos as pessoas que estavam presentes no evento, o ponto comum de discussão foi a conscientização sobre o que é exatamente a fibromialgia e a importância de abordar esse tema. E o principal encaminhamento do encontro foi a necessidade do município fornecer atualizações sobre as pesquisas, os tratamentos e as novas medicações, e a realização de capacitações sobre a doença para os médicos das unidades de saúde.


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