Seminário promove discussão sobre diversidade e inclusão na Arquitetura e Urbanismo

Seminário promove discussão sobre diversidade e inclusão na Arquitetura e Urbanismo

Evento busca pensar estruturas das cidades considerando diferentes aspectos identitários da população

Rafael Rangel Winch

Abertura do evento contou com a palestra da professora e pesquisadora da FAUUSP, Paula Santoro

publicidade

Com o propósito de discutir diversidade e inclusão na construção e manutenção das cidades, o Seminário de Ações Afirmativas - Arquitetura, Urbanismo e Identidades ocorreu na noite desta segunda-feira, no Teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O evento que também acontecerá na terça-feira foi promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS).

Participaram da abertura do evento dois conselheiros do CAU/RS, Carline Luana Carazzo e Carlos Eduardo Iponema, além da Professora e pesquisadora da FAUUSP, Paula Santoro, que palestrou sobre uma série de aspectos com foco nas políticas de cota e também de permanência de grupos diversos, incluindo população preta, povos originários, pessoas com deficiência e membros da comunidade LGBTQIA+. Ela defendeu, dentre outros pontos, que o reconhecimento das desigualdades sociais entre variadas pessoas e grupos é um passo fundamental para ampliar e qualificar os processos e produtos do setor arquitetônico brasileiro. Segundo Santoro "As cidades não são neutras, pois também podem ajudar na formação das assimetrias sociais. A abordagem precisa ser, portanto, trabalhada de modo cruzado."

A pesquisadora também explicou que no que se refere à questão de gênero, a divisão sexual do trabalho atua como um fator decisivo que gera desigualdade na experiência das pessoas nas cidades. Ela ainda lembrou que as mulheres negras historicamente acabam sendo parte da população mais precarizadas em termos de ocupação das cidades, uma vez que são marcadas pelos preconceitos de raça e de gênero. Para enfrentar essa e outras questões, Santoro enfatizou a necessidade de que todo planejamento urbano lide com as desigualdades de maneira cuidadosa e interseccional, ou seja, reconhecendo que as identidades das pessoas e grupos são compostas por dimensões plurais.

Palestra de abertura tratou dos temas da diversidade e inclusão para repensar arquitetura e urbanismo

O painel também destacou os aspectos da sexualidade e da deficiência como outros marcadores sociais da diferença que devem ser levados em consideração na elaboração de construções arquitetônicas e também na gestão de locais já construídos. Para Santoro, a vida de alguns grupos sociais conforma espaços pela vivencias que expressam também físico-territorialmente e isso pode ser observado na concentração de comércios, serviços e na moradia.

As palestras do evento contaram com intérpretes de Libras e foram transmitidas pelo canal do CAU/RS no YouTube.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895