Sete são indiciados por desvio de verba do SUS de hospital de Passo Fundo

Sete são indiciados por desvio de verba do SUS de hospital de Passo Fundo

Polícia Federal concluiu inquérito sobre remuneração a profissionais envolvendo valores destinados ao São Vicente de Paulo

Correio do Povo

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A Polícia Federal concluiu o inquérito policial que apurou denúncia de suposto desvio de recursos destinados pelo SUS ao Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo referente à contratação de empresa privada para gerir o setor de oncologia. O caso resultou na deflagração da Operação Efeito Colateral II, em 2018. A investigação, iniciada naquele ano, apontou que quatro médicos teriam sido contratados pelo HSVP, por intermédio de pessoa jurídica, para criar dentro da entidade um Instituto do Câncer. O contrato previa remuneração fixa de R$ 400 mil, correspondendo a R$ 100 mil para cada médico, valor quatro vezes maior do que o praticado pelo próprio hospital na contratação de profissionais da mesma especialidade.

O inquérito policial aponta a responsabilidade de sete investigados – cinco médicos, um executivo e um gerente financeiro –, indiciados como incursos no artigo 312 do Código Penal (crime de peculato), sendo encaminhado ao Ministério Público Federal para análise e decisão sobre oferecimento de denúncia à Justiça Federal.

Segundo a investigação, a remuneração fixa era acrescida de renda variável que garantia aos investigados o recebimento de participação no faturamento da oncologia, mediante aplicação de alíquotas percentuais sobre internações, administração de medicamentos quimioterápicos, exames e procedimentos de alta complexidade financiados pelo SUS. A Polícia Federal destaca que a forma de remuneração variável teria se traduzido em distribuição indevida do faturamento do HSVP aos médicos, prática vedada pela legislação, já que a entidade é reconhecida como filantrópica e, por vedação legal, não pode distribuir lucros ou excedentes de faturamento a diretores ou funcionários, pois eventual excedente deve ser investido na atividade-fim, ou seja, no atendimento à população.

A investigação apontou que, apenas de 2017 a 2018, o grupo teria recebido do HSVP o valor total de R$ 14,3 milhões, sendo que a “renda variável” corresponderia a R$ 5,5 milhões. Durante a vigência do contrato, o grupo ainda teria criado outra empresa de prestação de serviços, em sociedade com médico que já era contratado como consultor da entidade, passando este também a receber valores.

Além dos indiciamentos, a PF também representou pelo bloqueio de bens e valores suficientes para garantir o ressarcimento ao erário do valor, que será atualizado e corrigido, de R$ 5,5 milhões, que teria sido recebido de forma indevida pelo grupo investigado.

Por meio de nota, o Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo diz que é uma instituição privada que, no inquérito policial, não exerceu seu direito ao contraditório. “Por esta razão, não temos nada a declarar neste momento.”


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895