Sexta-feira de reconstrução e avaliação de estragos em cidades gaúchas atingidas por temporal

Sexta-feira de reconstrução e avaliação de estragos em cidades gaúchas atingidas por temporal

Parobé, Taquara e São Jerônimo tiveram registro de danos, falta de energia e água, após tempestade de ontem

Felipe Faleiro

Em Taquara, no Vale do Paranhana, ao menos três escolas de ensino fundamental sofreram danos, além de outros prédios

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Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre foram duramente atingidos com o temporal do final da tarde da última quinta-feira. Em Parobé, no Vale do Paranhana, cerca de 50 casas ficaram destelhadas. Em São Jerônimo, na região Carbonífera, toda a área urbana, onde vivem por volta de 10 mil pessoas, registrou estragos. O município, que já tinha decreto em andamento por conta da estiagem, encaminhou novo pedido relacionado à tempestade. “A cidade está um caos”, resumiu a coordenadora da Defesa Civil, Leni Leal de Almeida. “Mas está tudo sob controle. Secretaria de Obras, Corsan, CEEE Grupo Equatorial, todos estão na rua”, completou. 

O vendaval na cidade iniciou às 16h, e durou alguns minutos. As rajadas de vento superaram os 80 quilômetros por hora. Os locais mais afetados foram os bairros São Thomas, São Francisco e Princesa Isabel, estes dois últimos com moradores em situação de vulnerabilidade social. O Hospital de Caridade São Jerônimo chegou a ficar sem água e energia elétrica, porém, conforme Leni, a unidade de saúde foi a primeira com os abastecimentos reestabelecidos.

Quatro rolos de cem metros de lonas foram distribuídos pela Defesa Civil. Não houve inundações ou pessoas desalojadas, mas alguns habitantes saíram de suas casas e foram a residências de parentes. “As pessoas não querem sair de perto de suas coisas. Teve gente que dormiu sentada”, afirmou a coordenadora da Defesa Civil. De acordo com ela, desde 2011, quando São Jerônimo foi bastante danificada pelo granizo, não havia uma tempestade tão devastadora. 

Os contatos para auxiliar o município são o (51) 3651-1883, da Defesa Civil, ou (51) 98653-4138, com a coordenadora Leni. “Estamos precisando de alimentos, roupas de cama e telhas”, explicou ela. Em Taquara, também no Paranhana, a sexta-feira foi de contabilização dos prejuízos, após 107 ocorrências relacionadas a pior tempestade em 12 anos. A Defesa Civil do município registrou, até o final da madrugada, 30 pessoas desalojadas, além de 58 destelhamentos e 19 árvores caídas. O temporal iniciou por volta das 18 horas e durou em torno de uma hora.

Os bairros mais atingidos foram Morro da Cruz e Jardim do Prado. Neste último, o secretário municipal de Obras de Taquara, Bruno Cardoso, gravou um vídeo impressionante, que mostra o telhado de um edifício no Jardim do Prado sendo destruído pela ventania. A estação meteorológica do professor Jung no bairro Santa Rosa registrou 111,51 mm às 18h34min, com rajadas de vento de 82,8 Km/h às 18h19min. Cerca de 8 mil pontos chegaram a ficar sem luz. 

“Tivemos ruas inundadas, muitas árvores em cima de casas, e a Prefeitura inclusive está fechada hoje”, disse o agente de Defesa Civil de Taquara, Alessandro Santos. O Hospital Bom Jesus, referência para o tratamento oncológico para os vales do Paranhana e Sinos, teve o telhado da emergência danificado. 

O fechamento da Prefeitura hoje foi justificado pela inundação de parte do terceiro andar do Palácio Municipal Cel. Diniz Martins Rangel, sede do Executivo de Taquara, que pode ter prejudicado documentos, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Defesa Civil e Causa Animal, Matheus Modler. No local, ficam setores como Compras e Licitações. “As pessoas precisaram ser realocadas e talvez já poderiam retornar às suas residências, haja vista que o principal motivo da retirada delas foi o alagamento. Com a água baixando, o pessoal poderá fazer a limpeza”, comenta Modler. Ruas ficaram tomadas pela lama.

Apenas em prédios públicos, foram danificadas ainda, segundo levantamento da Prefeitura de Taquara, as escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Calisto Letti, Rosa Elsa e Alípio Sperb, Museu Municipal Adelmo Trott, prédios das secretarias de Obras e Educação, Arquivo Municipal, Câmara da Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária do Vale do Paranhana (CICS-VP), Departamento de Esportes, entre outros.

Técnicos da Defesa Civil estadual estão hoje na cidade para avaliar os estragos e possivelmente encaminhar um decreto de situação de emergência. O número de pessoas afetadas pode ser ainda maior, visto que ainda havia muitas pessoas que não contataram a Prefeitura, mas cujas postagens em redes sociais relacionadas aos estragos estavam sendo monitoradas pela equipe de Comunicação Social. 

Lonas foram distribuídas, e uma igreja no Morro da Cruz foi aberta para receber os atingidos. Um gabinete de crise foi criado pelo Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e secretarias municipais. Quem puder ajudar o município, pode ir à sede da Defesa Civil, na esquina das ruas Coronel Evaristo e Coronel João Pinto, no Centro de Taquara, ou contatar o plantão da Defesa Civil, pelo (51) 99303-8172, ligações ou WhatsApp. Materiais de limpeza e alimentos estão sendo aceitos.

Falta de luz

Até o final da manhã desta sexta, a RGE havia divulgado que 4,7 mil pessoas estavam sem energia elétrica. No início do temporal, foram 30 mil em toda a área de concessão da companhia. Já na área da CEEE Grupo Equatorial, foram outros 75 mil clientes atingidos, especialmente nas regiões Metropolitana e Centro-Sul. O número caiu para 6 mil clientes atingidos nesta sexta. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895