Simers relata falta de pediatras na Emergência Infantil do HU de Canoas

Simers relata falta de pediatras na Emergência Infantil do HU de Canoas

A situação foi denunciada ao Ministério Público e também ao Conselho Regional de Medicina do RS

Fernanda Bassôa

Prefeitura informou que o Comitê Interventor do HU está trabalhando em tempo integral para solucionar os problemas apresentados na casa de saúde

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Uma comitiva formada pela diretora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Bruna Favero, mais as assessorias política, jurídica e de comunicação, tentou, sem sucesso, conversar com os profissionais que atuam na Emergência Pediátrica do Hospital Universitário (HU), de Canoas, na tarde deste domingo. O grupo não foi autorizado a entrar nas dependências da unidade, que está sem pediatra para atender os casos graves que chegam de toda a região Metropolitana, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A diretora do Sindicato explica que o objetivo do Simers era conferir de perto a realidade do local, onde um médico clínico atuava como responsável pelo atendimento infantil dos pacientes referenciados. “Fomos barrados pela direção e informados de que era preciso aguardar a presença de alguém da gestão para realizar a vistoria, o que não ocorreu durante mais de uma hora em que estivemos no local”, relata Bruna.

Segundo ela, o fato de um clínico atuar no plantão pediátrico de uma instituição que é referência para pacientes graves de toda a região Metropolitana é preocupante. “Um clínico está preparado para atender intercorrências em pacientes adultos. É mais do que necessário um especialista para garantir o atendimento a uma criança com parada cardíaca, por exemplo”, explica. A situação foi denunciada ao Ministério Público e também ao Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers). “A falta de profissionais para compor a escala se deve à precarização da assistência, sem as mínimas condições para o exercício da prática em Saúde, pois não existem medicamentos básicos, estrutura e equipe”, alerta.

Além disso, a Emergência Pediátrica do HU também estava sem receber as crianças encaminhadas pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Canoas. O que foi constatado pelo Simers, que foi até a UPA Rio Branco, localizada no bairro Fátima, onde somente estava sendo realizado atendimento clínico para pacientes acima dos 12 anos, uma vez que o pediatra que atuava no local foi transferido à UPA Boqueirão para atender a demanda. “Estamos em constante contato com a gestão do hospital e da prefeitura, pois os médicos querem garantias de que poderão exercer as suas atividades de forma segura, sem colocar em risco a vida dos pacientes que tanto precisam do atendimento, já que o frio aumenta os casos de infecções respiratórias e, consequentemente, leva a mais internações”, afirma Bruna

A Prefeitura de Canoas informou que o Comitê Interventor do Hospital Universitário de Canoas (HU) está desde a última sexta-feira trabalhando em tempo integral, para solucionar os problemas apresentados na casa de saúde, em especial, no pronto atendimento pediátrico. Durante o final de semana foram mantidos os serviços na rede de urgência e emergência infantil e, a partir das 20h do domingo, os atendimentos foram concentrados nas UPAs Boqueirão e Rio Banco. A orientação é de que a população realize o primeiro atendimento nas UPAS. Casos de maior gravidade continuam sendo realizadosatendidos no HU.

A Administração informou ainda que, nos últimos dias, Canoas, assim como outras cidades do Estado, passa por um aumento na procura por consultas pediátricas. A alta nas demandas é comum nesta época do ano, quando aumentam as doenças respiratórias. Nas crianças, em especial, as provocadas pelo vírus sincicial respiratório e pela influenza. É importante destacar que o HU não é referência para a região Metropolitana em emergência pediátrica. O serviço prestado no local é de pronto atendimento pediátrico para a população residente na cidade.

O Comitê Interventor do Hospital Universitário de Canoas disse lamentar que, ao contrário do que foi sugerido neste domingo, os sindicalistas não tenham esperado os interventores para acessar o hospital e realizarem a visita juntos. Tal pedido visava, principalmente, a busca por soluções coletivas e efetivas para a normalização da assistência. Porém, os representantes do Sindicato optaram por não aguardar. A Prefeitura de Canoas e o Comitê de Intervenção reforçam o compromisso de assegurar o atendimento aos canoenses. Observando que, as medidas tomadas até então são em caráter emergencial e, nos próximos dias, novas ações serão adotadas em busca do restabelecimento total e de qualidade aos munícipes.


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