Simulação de incêndio mobiliza profissionais da saúde e da segurança em Porto Alegre

Simulação de incêndio mobiliza profissionais da saúde e da segurança em Porto Alegre

Treinamento ocorreu na rua Doutor Vale, no Hospital Moinhos de Vento

Felipe Samuel

No teste, ruas foram bloqueadas e pacientes deslocados para unidades de saúde

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O barulho de sirenes e a movimentação de viaturas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e da Defesa Civil chamaram atenção neste domingo dos moradores da rua Doutor Vale, no Moinhos de Vento. Um incêndio no Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre deixou 41 vítimas, entre mortos e feridos, mobilizando integrantes das forças de segurança e do sistema hospitalar. Apesar de viver cenas semelhantes à vida real, o evento foi apenas uma simulação para testar a capacidade de resposta das forças de segurança e dos profissionais de saúde diante de um incêndio.

Durante o teste, ruas foram bloqueadas e pacientes deslocados para unidades de saúde, enquanto os bombeiros combatiam as chamas no bloco 15 do Moinhos, que afetou os quatro andares da edificação e gerou uma grande quantidade de fumaça. Alunos do curso de Enfermagem da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e da Liga Acadêmica de Urgência e Emergência da Faculdade Factum representaram as dezenas de vítimas. Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram as “sombras”, acompanhando o processo e verificando a agilidade de cada etapa.

Conforme a superintendente Assistencial e de Educação do Hospital Moinhos de Vento, Vania Rohsig, um levantamento aponta que em 2021 houve mais de 100 incêndios em hospitais brasileiros, dos quais 38 considerados eventos sentinela, onde as pessoas perderam a vida ou ficaram incapacitadas por conta de incêndio em hospitais. Recentemente, Porto Alegre registrou três incidentes: Grupo Hospitalar Conceição, Santa Casa e Fêmina.

“A simulação é importante para os hospitais e para a cidade, porque a gente está testando o sistema de atendimento a catástrofe dentro do Hospital Moinhos de Vento, mas também para entender se a cidade tem capacidade para atender as múltiplas vítimas”, avalia. É o terceiro simulado organizado pelo Sindicato dos Hospitais e Clinicas de Porto Alegre (Sindihospa). O presidente da entidade, Henri Siegert Chazan, avalia que o treinamento é fundamental, principalmente em uma atividade complexa como o setor hospitalar.

“Não é um prédio comum, é um prédio com pessoas debilitadas, que estão precisando de ajuda. Esse exercício não é só para treinamento de incêndio do hospital Moinhos de Vento, porque todos atores da cidade que participam de um evento como esse estão presentes, bombeiros, Samu, EPTC, para organizar o trânsito, IGP para eventuais vítimas fatais”, destaca. “É um treinamento da cidade”, completa.

Conforme o comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar (1º BBM), tenente-coronel Marcelo Carvalho Soares, todo evento simulado é extremamente importante pela forma como ele prepara as equipes. “Faz com que também enxerguemos algumas deficiências que possam ser melhoradas. Não é somente aferir, mas também mudar procedimentos, comportamentos das guarnições, fazer com que tenhhmos uma condição mais próxima da realidade dentro do esperado”, observa.

Na avaliação de Soares, o tempo-resposta do atendimento dos bombeiros ficou dentro do esperado. O deslocamento até o hospital levou três minutos. “Essa é realidade que precisamos enxergar quando acontece um evento simulado dessa magnitude, ou seja, podemos aferir tempo de deslocamento da guarnição até aqui. Isso é muito importante”, ressalta. “Toda simulação é fundamental, porque permite que a nossa tropa tenha um momento de diálogo e conversação com outras equipes que estão trabalhando nesse evento”, afirma.


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