Sindicato patronal suspende reunião de negociação salarial após ato de rodoviários em Porto Alegre

Sindicato patronal suspende reunião de negociação salarial após ato de rodoviários em Porto Alegre

Manifestação pediu, entre outras demandas, maior pagamento pela “dupla função”

Felipe Faleiro

Manifestação do Stetpoa ocorreu na manhã desta quinta-feira

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Rodoviários de Porto Alegre realizaram na manhã desta quinta-feira uma manifestação, com saída da sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), no bairro Cidade Baixa, e chegada no Mercado Público, na área central, reivindicando o cumprimento de quatro pontos favoráveis à categoria, dos quais o principal é o aumento do valor pago aos motoristas pela “dupla função”, segundo o presidente da entidade, Adair da Silva.

À tarde, haveria uma primeira reunião com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), a fim de apresentar as demandas e buscar uma negociação, porém, em razão do ato, ela foi suspensa. Foi a segunda tentativa frustrada, já que na primeira, o Stetpoa afirma que o Seopa desmarcou de forma unilateral sem motivo aparente. “As empresas de ônibus estão pagando apenas R$ 10 a mais no salário por dia para os motoristas dirigirem e cobrarem. Na Metroplan, é R$ 23 para a mesma função, mais do que o dobro”, afirmou Silva.

As demandas fazem parte da campanha salarial da entidade para 2024. As outras são o congelamento do valor do plano de saúde, algo que passaria por aumento, porém a prestadora já teria se comprometido a fazer, bem como o reajuste no tíquete-alimentação, que hoje paga 15% a menos em Porto Alegre do que na região metropolitana, e o ganho real de salário, acima da inflação, que não ocorre há três anos, disse o presidente.

Inicialmente, o Stetpoa divulgou que havia ainda hoje a possibilidade de paralisação nas primeiras horas da manhã, algo que acabou não ocorrendo, e também não deve ocorrer mesmo com um resultado desfavorável ao sindicato na reunião que, no final das contas, não houve. “Vamos avaliar o que faremos, mas o certo é que teremos um novo ato com a adesão de mais sindicatos e centrais. Até porque depois disto a cidade para e o movimento não chama tanto a atenção”, comentou.

"Queremos que eles reflitam”, diz advogado patronal

Para o advogado do Seopa, Alceu Machado, as empresas manifestaram “surpresa” com o ato de hoje e o movimento tem “nuances políticas”. “Isto está bem claro, e é algo sem sentido. Há uma eleição no ano que vem, e recém começamos a negociar com o sindicato (Stetpoa). Fizemos uma reunião em que apenas recebemos a comissão, já que não tínhamos sequer uma posição firmada sobre a data base (dos pagamentos), que é em 1º de fevereiro”, afirmou ele, para quem a suspensão da reunião de quarta foi “um desencontro”, em razão de ser “uma pauta muito extensa”.

Segundo o advogado, na negociação atual, foram apresentados três opções de plano de saúde, assunto o qual há exigência de negociações paralelas. “Buscamos sempre isto pensando sempre no trabalhador, para que ele tenha alternativas de uma coparticipação menor. Isto foi feito exaustivamente em um segundo encontro. Suspendemos a reunião que haveria hoje, porém vamos seguir com a negociação. Achamos que é um absurdo prejudicar a população sem causa, e sequer nos foi oportunizado fazer uma proposta. Queremos que eles (Stetpoa) reflitam um pouco no que fizeram, e que não deveriam ter feito”, afirmou o representante do Seopa.


Correio do Povo
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