Sindisaúde-RS realiza protesto contra problemas no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre

O Sindisaúde-RS realizou nesta terça-feira uma manifestação nos fundos do Instituto de Cardiologia (IC), em Porto Alegre, para protestar contra o que considera demandas não atendidas pela Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), mantenedora da instituição. O protesto foi marcado por um almoço, no qual participaram servidores ligados à saúde. Na quinta-feira, o sindicato realiza assembleia geral extraordinária para decidir pela decretação de greve no local, embora, ainda de acordo com o Sindisaúde-RS, haja disposição da Fundação para resolver as questões. 

“Os trabalhadores têm relatado dificuldades. Agora, na quinta-feira, quinto dia útil, não havendo o pagamento, convocaremos a assembleia e, se for o caso, podemos decretar greve”, afirma o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien. Também há uma preocupação do sindicato sobre falta de elevadores para acesso aos vestiários, bem como falhas na quitação das férias dos funcionários. No final de março, o sindicato publicou edital de convocação para assembleia.

Ocorre que, no mês passado, houve atraso de três dias para o pagamento dos salários, e a gestão, conforme o Sindisaúde-RS, precisou utilizar verbas da folha deste mês para quitar o vencimento anterior. Portanto, os trabalhadores não sabem se haverá recursos para os salários atuais. “Este movimento começou depois de o sindicato fazer pressões”, disseram os representantes dos trabalhadores.

“Se os salários forem pagos, a assembleia será encerrada sem outros encaminhamentos, e nosso edital atingiu o objetivo. O que está manifesto é que há empenho em levantar a verba para sagrar o compromisso de pagar a mão de obra”, pontuou Jesien. As negociações de demandas em geral junto ao IC ocorrem desde janeiro, com o sindicato apontando, inclusive, “tensão, mas com alguns bons encaminhamentos” em reunião ocorrida em 30 de janeiro. Já em fevereiro, foram resolvidas questões relacionadas aos bebedouros da instituição, bem como questões relacionadas aos hospitais cardiológicos de Viamão e Alvorada, também geridos pela IC-FUC. 

Faltam também insumos básicos na unidade de Porto Alegre, situação também levantada à reportagem pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). “Está faltando pano para limpar o chão, e as pessoas estão tendo que se desdobrar para esta limpeza, assim como insumos medicamentosos. O problema está se agravando neste instituto que administra quatro hospitais na Grande Porto Alegre. Muitos usuários, principalmente do Sistema Único de Saúde (SUS), podem estar deixando de ter o atendimento caso haja algum outro tipo de problema”, alerta Jesien. 

Segundo a Fundação Universitária de Cardiologia, os principais pontos questionados pelos funcionários são os vestiários e o local para permanência dos vigias – que foi modificado. "Ressalta-se que o local atual é provisório, pois o hospital está passando por reformas. Com o avanço da obra, logo essas condições serão reestruturadas. É de conhecimento público que o Instituto de Cardiologia está passando por dificuldades financeiras, mas estão sendo feitas tratativas para melhorar as condições dos pacientes e funcionários", destacou a entidade em nota enviada. 

O documento também aponta que cerca de 30 pacientes aguardam procedimentos que não são realizados por déficits em repasses. "O Instituto de Cardiologia atende cerca de 90% SUS em toda rede e o convênio mais atendido na FUC em Porto Alegre é o Ipergs, convênios que estão com tabelas defasadas", destacou.

Sobre a possível ocorrência de assédio moral, o hospital disse que não recebeu nenhum registro. "O Hospital é contra qualquer ato ilegal e possui canais abertos próprios para denúncias e, inclusive, uma Comissão formada para apuração e tomada de contramedidas - conforme é da plena ciência do próprio Sindicato", também cita em nota.