Sistema responsável por falta de água no extremo sul de Porto Alegre está "no limite", diz Dmae

Sistema responsável por falta de água no extremo sul de Porto Alegre está "no limite", diz Dmae

"Sucessão de eventos desfavoráveis" causou desabastecimento e turbidez na água de 15 bairros no Natal, afirma diretor-geral

Felipe Faleiro

Alexandre Garcia avalia que abastecimento está garantido em Porto Alegre

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No último final de semana, em pleno Natal, parte da população de Porto Alegre sofreu com dois problemas relacionados ao abastecimento de água, e que estão diretamente relacionados: o aumento da turbidez da mesma e a própria falta do líquido nas torneiras. Ainda que a situação tenha sido normalizada na manhã desta segunda-feira, há a preocupação de muitos moradores de que a falta de chuvas siga afetando a captação e distribuição na Capital a partir do Guaíba, bem como mantenha a água mais escura.

De acordo com o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Alexandre Garcia, isto não deve se repetir, e o abastecimento está garantido. “Tivemos, no sábado, quatro centímetros de água no Guaíba. No auge da seca do ano passado, que foi muito mais intensa do que agora, tivemos 13 centímetros. E houve uma sucessão de eventos desfavoráveis, como o vento sul, que mexeu com o fundo do lago, trouxesse areia e isto fez com que a turbidez subisse. Isto dificulta muito o nosso tratamento”, explica. 

Ou seja, houve um conjunto de fatores negativos. “A estiagem, somada à condição do vento e muitos dias de calor sucessivo, acabaram fazendo com que tenhamos sofrido no sábado”. O diretor em si reconhece que “não é de hoje” que a região do Extremo Sul porto-alegrense vem sofrendo com o abastecimento. “Fizemos várias melhorias no sistema, mas ainda vivemos no limite. Ainda precisamos que ele funcione assim 24 horas por dia”, observa Garcia. 

Na ocasião, os bairros Aberta dos Morros, Belém Novo, Boa Vista do Sul, Campo Novo, Chapéu do Sol, Extrema, Hípica, parte de Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro, Pitinga, Ponta Grossa, Restinga e São Caetano, todos sob responsabilidade do sistema da Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo, ficaram com as torneiras secas. Ele explica como foi o desabastecimento da área: a chamada Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT), que mede a transparência da água, do sistema Belém Novo, é de 20 a 30, mas estava em 96.

“Como a turbidez subiu muito, tivemos que reduzir um pouco a vazão da ETA, porque não podemos garantir a qualidade da água neste caso. Na hora de clarificar, ela demora um pouco mais no processo de decantação, então nossa produção caiu para uns 800 a 900 litros por segundo, ante 1,1 mil, 1,2 mil litros, que é o que precisamos”, afirma. O sistema Belém Novo fica em uma baía, segundo Garcia, o que tende a causar mais acúmulo de sólidos. 

Isto não ocorre, por exemplo, nos sistemas São João e Moinhos de Vento, mais próximos da região central da Capital, e cujo UNT estimado é entre 11 e 20. O novo Sistema de Abastecimento de Água (SAA) Ponta do Arado, contemplando sete obras, também deve melhorar a captação e “suprir as necessidades” da população do Extremo Sul. “Teremos um ponto de coleta ainda mais distante da margem e com mais qualidade. Vamos conseguir vencer isto”, relata o diretor-geral do Dmae. No entanto, ele deve ficar pronto somente em 2025. “Contamos com o apoio da população para economizar neste período excepcional de estiagem e turbidez”.


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