Sombra e banho em chafariz: população recorre aos parques para suportar calor escaldante em Porto Alegre

Sombra e banho em chafariz: população recorre aos parques para suportar calor escaldante em Porto Alegre

Chuva retorna ao Rio Grande do Sul a partir do sábado; temperaturas começam a diminuir no domingo

Correio do Povo

Chafariz em frente ao Mercado Público da Capital virou local de banho para aliviar o calorão

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A quinta-feira foi escaldante no Rio Grande do Sul, com máximas acima de 35ºC em diferentes regiões. Confirmando as previsões da meteorologia, o dia considerado o pico da onda de calor mudou a rotina dos gaúchos que buscaram alívio para a sensação térmica e proteção para os efeitos da exposição ao sol.

De acordo com a meteorologista Estael Sias, as máximas atingiram 36ºC em Porto Alegre e Região Metropolitana, 34ºC em trechos da Serra, 38ºC no Vale do Sinos e Costa Doce, podendo atingir os 40ºC na fronteira oeste.

Quem pode buscou a sombra. No Parque da Redenção, em Porto Alegre, foi possível observar muitas pessoas sob árvores ou buscando a proximidade do lago. “Estou de folga, mas sem ar-condicionado, não aguentei ficar em casa”, revelou a técnica em enfermagem Rosane Selistre Castro, 42 anos. Já o segurança Éverton Siqueira, 33, levou uma cadeira de praia, um livro e uma garrafa de água para a orla do Guaíba. “Mesmo quente assim, é bom aproveitar a natureza”, disse.

No Centro Histórico da Capital, o chafariz em frente ao Mercado Público foi transformado em ponto de banho. Naquele momento, por volta das 16h30min, o termômetro de rua, ao sol, marcava incômodos 39ºC.

Chafariz em frente ao Mercado Público da Capital virou local de banho para aliviar o calorão | Foto: Mauro Schaefer

Para os próximos dias, a especialista da MetSul Meteorologia destaca o retorno da umidade a partir desta sexta-feira, contudo, a sensação de abafamento seguirá presente. Apesar da presença intensa de nuvens, os termômetros indicarão calor entre 33ºC e 35ºC.

Alerta para temporais

A partir do sábado as máximas caem para a casa dos 30ºC, porém, a chuva retorna ao Estado. Conforme Estael Sias, não necessariamente deve chover em todos os municípios, mas os prognósticos indicam condições para precipitações em todas as regiões.

Nesta quinta-feira, a MetSul Meteorologia divulgou boletim alertando para uma prolongada sequência de dias com condições atmosféricas instáveis no Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul. Tal cenário climático deve proporcionar alta frequência de chuva nos próximos sete dias.

No domingo ocorre o ingresso de vento sul e leste, trazendo refresco para a maioria das regiões do RS, com marcas entre 27ºC e 28ºC. E apesar do alívio na sensação térmica, Estael alerta para a possibilidade de temporais. Conforme as previsões, os eventos climáticos podem proporcionar chuva em volumes significativamente altos.

“Devemos ter de 43ºC a 45ºC no Paraguai, no nordeste da Argentina e em parte da Bolívia. E o ar quente que vem do centro do Brasil para cá vai interagir com essa instabilidade, por isso existe o risco de eventos severos, alguns deles já no sábado, da tarde para a noite”, projeta.

Tal massa de ar quente, úmida e extremamente instável já atua há vários dias com chuva forte e temporais com raios, granizo e vento no Uruguai e em províncias do Centro da Argentina com danos e transtornos para a população, especialmente na província de Buenos Aires, e ainda no Sul de Santa Fé e Entre Ríos, na Argentina. A MetSul Meteorologia projeta quadro semelhante para o Rio Grande do Sul, persistindo até 21 de março.

“A instabilidade foi constantemente alimentada por ar muito quente, que elevou a temperatura a 44,5ºC no Norte argentino, proporcionando a energia para a formação sucessiva de tempestades. Isso fez com que nuvens por demais carregadas e de grande desenvolvimento vertical com chuva localmente forte a extrema, muitos se formassem de forma continuada numa faixa do Centro da Argentina e do Uruguai por vários dias consecutivos, situação que persiste nesta quinta-feira”, explica Estael.

Como instabilidade sob ar muito quente e úmido costuma provocar elevado número de descargas atmosféricas, é possível também um número muito alto de raios no Estado nestes próximos dias. “Com a atmosfera aquecida, é comum a ocorrência de grande número de raios nuvem-solo que impactam a rede de energia”, afirma a especialista.


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