Surto inédito de dengue na Ilha da Pintada motiva novo bloqueio químico em Porto Alegre

Surto inédito de dengue na Ilha da Pintada motiva novo bloqueio químico em Porto Alegre

Inseticida foi aplicado em ruas do arquipélago nesta segunda-feira pela Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS)

Felipe Faleiro

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A Ilha da Pintada recebeu, nesta segunda-feira, uma nova edição da aplicação de inseticida por técnicos terceirizados contratados pela Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) de Porto Alegre. O bloqueio químico, como é conhecido, tem por objetivo frear a proliferação do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue, zika e chikungunya. A ação ocorre de forma geral em locais da Capital onde há registros de casos de dengue, o que é o caso desta região, onde a DVS registrou um surto ativo.

Casas foram vistoriadas pelos agentes, que, por sua vez, orientaram os moradores a proteger animais de estimação e fechar suas casas. Há casos em que todas as pessoas de uma mesma residência foram infectadas, como a do comerciante Jorge Ivan Castro de Oliveira, na rua Japeju. “Minha irmã pegou primeiro, depois eu. Comecei com calafrios, depois dores no corpo, ansiosa de vômito, perdi o apetite e o sono”, disse ele. Após oito dias, assim como os sintomas apareceram, foram embora. 

“Agora tenho apenas um pouco de cansaço”, relatou. Ali próximo, o motorista Alessandro Lopes disse que sua esposa foi infectada com a dengue, e hoje mesmo o filho iria ao médico, pois não estava bem de saúde. “Cuidamos bastante, mas a doença não escolhe. Acredito que esta ação é fundamental pra evitar que a dengue se alastre”, observou. Tanto Oliveira quanto Lopes disseram que nunca haviam visto tamanha quantidade de casos na área.

“Moro há 64 anos aqui e é a primeira vez que vejo um surto assim”, disse o primeiro. De acordo com o informe mais recente da Secretaria Estadual de Saúde (SES), referente aos dados da última sexta-feira, Porto Alegre tinha 673 casos confirmados de dengue, ainda o terceiro maior número registrado no Rio Grande do Sul, apenas atrás de Encantado e Ijuí. Ao todo, o Estado também havia alcançado na sexta 7.660 infecções, além de 11 óbitos pela doença. 

No ano passado, o pico da dengue foi observado justamente na metade de abril, segundo as informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), quando houve por volta de 600 casos confirmados semanalmente. Em 2023, nesta mesma época, o alcance foi menor do que 200 por semana, com maior concentração na Zona Leste, e apresentando queda desde então. Dos 46 bairros vistoriados por armadilhas na Capital, 34 apresentavam nível crítico de infestação, ainda de acordo com o último informe da SMS.


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