Suspensão da concessão do Parque da Redenção foi em parte política, diz prefeito da praça

Suspensão da concessão do Parque da Redenção foi em parte política, diz prefeito da praça

Secretaria Municipal de Parcerias de Porto Alegre diz que decisão foi para avaliar contribuições recebidas em audiência e consulta públicas

Felipe Faleiro

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O prefeito de praça do Parque da Redenção, Roberto Ivan Jakubaszko, diz considerar que até o final do próximo ano não haverá mudanças na forma de concessão do local público, que foi suspenso na semana passada pela Prefeitura de Porto Alegre. Para ele, a decisão foi em parte política, em razão da rejeição maciça da proposta, verificada tanto no Conselho de Usuários do parque, quanto nas demais associações de moradores de bairros e grupos relacionados à Redenção. “A pressão foi muito forte”, avalia ele.

Conforme Jakubaszko, o prefeito da Capital, Sebastião Melo, não quis correr o eventual risco político de aprovar a parceria com a iniciativa privada e ser derrotado nas eleições municipais de 2024, na qual se ventila que concorrerá à reeleição. “Minha visão é a de um enxadrista, à qual precisamos sempre prever os movimentos do nosso oponente. A política é algo dinâmico, e vimos que cerca de 80% das pessoas consultadas eram contrárias à concessão”.

Oficialmente, a Secretaria Municipal de Parcerias (SMP) afirmou, em uma curta nota, que o processo foi suspenso para “aprofundamento dos estudos e avaliação das contribuições recebidas na consulta e audiência públicas”. Ou seja, a ideia é não descartar o que já foi recebido nos encontros anteriores. Na prática, a medida vai ao encontro do pedido de suspensão feito em 2022 pelo Ministério Público de Contas do Rio Grande do Sul (MPC-RS), em razão de possíveis irregularidades, e apoiada principalmente por ambientalistas.

A proposta da concessão da Redenção, apresentada pela Prefeitura pela primeira vez em outubro de 2022, pretendia ceder a gestão do parque de 37,5 hectares por um período de 30 anos. Inicialmente, o projeto inclusive pretendia a construção de um estacionamento subterrâneo junto ao Auditório Araújo Viana, algo mais tarde descartado. Já o cercamento do parque, que gerou certa polêmica, apesar de ter sido sempre negado pelo governo Melo.

No último domingo, integrantes de grupos como o Coletivo Preserva Redenção fizeram uma “confraternização simbólica” no parque, segundo eles, para “agradecer” às 40 mil pessoas que aderiram ao abaixo-assinado contra o projeto de concessão. “Fizemos este evento, mas acreditamos que ela é provisória. No caso de reeleição do prefeito atual, ela vai retornar à baila. Nossa expectativa é que se mantenha pelo menos até novas eleições, e vamos continuar na luta. Vamos continuar assinaturas das pessoas que estão em desacordo com este modelo de desenvolvimento da cidade”, afirmou a professora aposentada Ana Maria Dalla Zen, integrante do coletivo.


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