Tapete verde de plantas cobre o rio Gravataí em razão da forte estiagem

Tapete verde de plantas cobre o rio Gravataí em razão da forte estiagem

População tem relatado dificuldades de encontrar água nos rios da Região Metropolitana em meio à falta de água

Felipe Faleiro

Velha canoa jaz na margem do leito seco do rio Gravataí, no bairro Caça e Pesca

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Um tapete verde cobria hoje pela manhã o rio Gravataí, no bairro Caça e Pesca, no município de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A água quase não era visível. Em uma das margens, depois de um longo caminho estreito acessível apenas a pé, jazia uma velha canoa sobre a terra úmida. Mais adiante, uma garça tenta se refrescar em um fio tortuoso de água que corre devagar sobre o solo. Retratos da estiagem que seguem preocupando a população.

Próximo deste cenário, o reciclador Paulo Sérgio Martins de Vargas conduzia o cavalo Guri também em busca de água. Sem ela à mostra, o animal se alimentava de alguns pastos na sombra. Acima, o sol estava a pino. “Trouxe ele aqui, achando que haveria alguma coisa. Mas está tudo seco”, lamenta Vargas. Não tão distante destes pontos, a régua do popular Balneário Passo das Canoas, mantido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), marcava 95 centímetros ontem de manhã, em queda livre desde o último dia 5.

Já a medição da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Companhia Estadual de Saneamento (Corsan) em Alvorada apontava 1,12 metro. No Guaíba, a régua do Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, registrou 45 centímetros, índice mais baixo do mês até o momento. Já no terminal da CatSul, no município de Guaíba, foram registrados os mesmos 45 centímetros. Já no trapiche da Praia da Pedreira, dentro do Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, 21 centímetros. 

Na bacia do rio dos Sinos, a medição da Agência Nacional de Águas (ANA) no Centro de São Leopoldo apresentava 55 centímetros de altura na lâmina d’água, igualmente o índice mais baixo de fevereiro. Em Campo Bom, a medição foi de 1,06 metro, novamente o indicador mais baixo dos últimos seis meses. Na foz do rio Paranhana, em Taquara, 37 centímetros. Em Novo Hamburgo, a medição da Companhia Municipal de Saneamento (Comusa) diminuiu para 1,90 metro no período da manhã, o menor nível desde janeiro de 2022. 

Conforme a autarquia hamburguense, não há risco de racionamento ou desabastecimento generalizado. No entanto, a Comusa alertou para que a população siga reduzindo o desperdício e evitando o consumo excessivo. “Precisamos ficar atentos neste momento. Estamos desde dezembro alertando a população sobre a importância de consumir racionalmente a água tratada neste período de verão, porque sabemos do histórico de estiagem aqui no Estado”, afirmou o diretor-geral da Comusa e vice-prefeito de Novo Hamburgo, Márcio Lüders.

Enquanto isso, segue em vigor a suspensão da captação de água ao longo da bacia do Sinos para atividades rurais. A proibição será revogada assim que o nível retornar aos valores normais, acima de 1,20 metro na captação da Corsan em Campo Bom, nível que reduziu nesta semana para 1,13 metro, ou superior a 50 centímetros na régua do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), em São Leopoldo.

Já a Corsan afirmou que segue garantindo a estabilidade do abastecimento para cerca de 800 mil pessoas na Região Metropolitana, nos municípios de Gravataí, Alvorada, Viamão e Cachoeirinha, por meio de obras realizadas pela estatal, como desassoreamentos e novos reservatórios. “Essa obra executada emergencialmente pela Companhia é importante e estratégica para funcionar como contingência para futuras estiagem que venham a afetar o rio Gravataí, e nos fornece maior segurança hídrica para as captações”, disse o diretor de Operações da Corsan, Milton Cordeiro.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895