“Temos que voltar com o que restou”, diz morador de Lindolfo Collor, que ficou desabrigado

“Temos que voltar com o que restou”, diz morador de Lindolfo Collor, que ficou desabrigado

Município de seis mil habitantes foi atingido pela cheia de arroio

Felipe Faleiro

Desabrigados no Ginásio Guido João Feldmann, município de Lindolfo Collor

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Lindolfo Collor, município de seis mil habitantes na Encosta da Serra, costuma sofrer com as enchentes, mas a atual afetou ainda mais a população. Segundo o prefeito Gaspar Behne, as águas do Arroio Feitoria subiram até 40 centímetros dentro do Ginásio Poliesportivo Herbert Oscar Enzweiler, na área central, que havia sido recém reformado, e cerca de três metros no entorno, porém, neste sábado, as águas já haviam baixado.

Calçadas quebraram e uma tela foi arrancada com a força da água. O bairro 48 Baixa também foi bastante afetado, com famílias removendo móveis e outros itens inundados para as calçadas.

Em razão de obras emergenciais, o Curtume Minuano, maior empresa do município, que está em recuperação judicial, tem um dique em volta e no ano passado teve prejuízos de R$ 50 milhões com as cheias, e ainda que fica ao lado do arroio, desta vez não foi inundado. O Corpo de Bombeiros Voluntários do município vizinho de São José do Hortêncio foram acionados para ajudar a limpar as ruas. “Nunca a água ficou por tanto tempo por aqui quanto agora, de segunda-feira até sexta”, disse o prefeito.

Na manhã deste sábado, nas ruas próximas, a lama ainda tomava conta, enquanto a população buscava meios de limpar o lodo. A estofadora Patrícia Gerlach era uma destas moradoras. Os dois filhos, um de oito anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e outro de cinco. “Havia mobiliado minha casa em janeiro, quando vim morar aqui, e agora, perdi tudo de novo. Não sei se não vou abandonar”, lamentou ela.

Uma família venezuelana, casal mais cinco crianças, fez isso na última madrugada, deixando a casa onde moravam com toda a sujeira dentro, indo morar, segundo informações de pessoas próximas, em Estância Velha.

O motorista de caminhão Altair Mayer transportava todos os móveis de volta para a casa do motorista Gabriel Brito, em cuja casa a água subiu cerca de 1,5 metro. Ele mora no loca com a esposa e a filha de um ano e oito meses.

“Temos que voltar com o que restou. É a coisa mais triste isto daqui”, afirmou Brito. Ao mesmo tempo, ações de solidariedade estão ocorrendo no pequeno município.

Em parceria com a Prefeitura, ONGs, como a Sementes de Amorys, de Lindolfo Collor, distribuem marmitas às famílias necessitadas, com cerca de 15 pessoas produzindo por volta de 120 kits de alimentos por dia. “No ano passado, nossa sede chegou a manter famílias que haviam ficado desabrigadas, mas agora resolvemos fazer diferente”, contou a voluntária Suelen Jardim.

Os desabrigados da atual enchente estão sendo mantidos no Ginásio Municipal Guido João Feldmann, no bairro Feldmann, e ainda são necessárias doações de itens de cesta básica, produtos de limpeza e higiene pessoal. Os materiais podem ser entregues na avenida Capivara, 3099, bairro Boa Vista, diariamente, das 8 às 20 horas.


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