Torcedora do Inter vai conhecer terra de D'Ale, sofre AVC e família luta para trazê-la de volta

Torcedora do Inter vai conhecer terra de D'Ale, sofre AVC e família luta para trazê-la de volta

Verani Corso, de Riozinho, foi diagnosticada com coágulo no cérebro e está desde o início de agosto internada em Mendoza

Felipe Faleiro

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A aposentada Verani Corso, 77 anos, vive em um drama na Argentina. Moradora do município de Riozinho, no Vale do Paranhana, a ex-professora viajou no dia 1º de agosto para Mendoza, no país vizinho, com um grupo de idosos, a fim de conhecer a terra de seu ídolo, o ex-jogador do Internacional Andrés D’Alessandro. No entanto, no dia seguinte à sua chegada, Verani sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico em pleno hotel, e, desde então, está internada em um hospital daquela cidade, após ser diagnosticada com um coágulo de 4,5 centímetros no cérebro. 
 

Preocupados com o estado de saúde dela, que está com um equipamento de traqueostomia e não compreende bem o espanhol, familiares criaram uma vaquinha virtual, disponível neste link, a fim de providenciar seu traslado até o Rio Grande do Sul, e, até a manhã de hoje, haviam arrecadado pouco mais de R$ 16,2 mil dos R$ 133,8 mil pretendidos, ou 15% do total. O valor é para despesas particulares de transporte, já que os filhos denunciam que a tarefa foi recusada tanto pelo Consulado-Geral em Mendoza, quanto pelo governo do Rio Grande do Sul.

“Minha mãe está estável. Está com a capacidade neurológica boa, entende bem quando falo, raciocina bem, mas se percebe que isto cansa ela, e aí ela tem sono. Está com o lado esquerdo do corpo e da face paralisados. Isto, mais a entubação, afetaram a capacidade de deglutição”, afirma um dos dois filhos dela, Ramão Corso, também secretário municipal de Saúde de Riozinho. Assim que soube do estado da mãe, ele pediu licença da função e viajou de carro até lá, em um trajeto de 27 horas e mais de 2,1 mil quilômetros.

No último dia 14, quando Verani saiu do coma induzido, os médicos argentinos entregaram ao filho um laudo autorizando o translado, especificando que deveria ser aéreo. “Realizei cotações e vi que o preço era fora do que podíamos pagar. Então, procurei o consulado do Brasil em Mendoza, mas disseram que não poderiam fazer este tipo de trabalho, e que se fosse um andarilho brasileiro passando fome, providenciariam uma passagem para casa. Mas o caso da minha mãe não se enquadrava no que eles poderiam fazer”, relatou Ramão, acrescentando que a única ajuda oferecida pelo escritório brasileiro seria um tradutor.

A vaquinha virtual foi a saída. “Não sei se teremos a liberação de levá-la por terra, nem quando isto acontecerá. Estou afastado do meu trabalho e preciso retomar isto. Estamos gastando muito aqui com hospedagem, alimentação e combustível, e todo o dinheiro gasto aqui fará falta para a recuperação, que será longa e custosa”, comenta o filho. A outra filha de dona Verani, Dioneia Roberta Corso Valerio, que está no Rio Grande do Sul e seguiu os passos da mãe como professora, resume que a situação é “muito complicada”.

“Pagamos impostos uma vida toda, e quando precisamos, não temos nenhuma assistência. Dizem não poder ajudar por falta de recursos. E nós, como vamos ter para pagar uma UTI aérea? Minha mãe trabalhou 44 anos alfabetizando crianças, e é nojento ouvir isto destes órgãos”, desabafa ela. 

"Quando envolve paciente brasileiro, internado no exterior, que precisar de transferência interhospitalar, as tratativas devem ocorrer através de consulados. Num segundo momento, se constatar a necessidade de leito, o hospital em que a paciente está internada (Argentina) precisa entrar em contato com o hospital brasileiro para verificar a possibilidade deste receber a paciente. Caso seja disponibilizado o leito, a Central Estadual de Regulação da SES, pode participar dessa intermediação, mediante a oficialização do pedido através de e-mail e acompanhado da documentação dos órgãos envolvidos nessa liberação. Salientamos que o transporte medicalizado somente pode ser realizado dentro da fronteira do RS. Se a paciente não precisar de hospitalização, e puder ir pra casa, caracteriza uma tratativa de repatriação e será responsabilidade da família ou município de residência, o que também deverá ser tratado por meio dos consulados", informou o governo do Estado em nota.

O texto da vaquinha ainda relata que Verani, que tem ainda cinco netos, percorria 15 quilômetros a pé ou de bicicleta para este trabalho, atuando como docente da rede pública dos 16 aos 60 anos de idade. 

Procurado, o Itamaraty disse em nota que o escritório em Mendoza “tem conhecimento do caso e presta a assistência cabível à nacional e a seu filho”. Afirmou também que, “por limitações orçamentárias e em respeito às normas legais vigentes, não é possível ao Ministério das Relações Exteriores proceder a repatriações médico-hospitalares.” Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) ainda não se manifestou. Já D’Alessandro fez um vídeo conclamando seus seguidores nas redes sociais a auxiliar Verani, e a assessoria prometeu direcionar o assunto para os responsáveis do blog La Boba, criado por fãs e com mais de 75 mil seguidores no Facebook, fazerem o mesmo. Ele também ligou para Ramão, para, segundo o filho, "saber se ela estava sendo bem cuidada", o que o filho acabou confirmando. "Vale toda a idolatria", resume ele.

Confira nota da Secretaria Estadual de Saúde

"Quando envolve paciente brasileiro, internado no exterior,  que precisar de transferência interhospitalar, as tratativas devem ocorrer através de consulados. Num segundo momento, se constatar a necessidade de leito, o hospital em que a paciente está internada (Argentina) precisa entrar em contato com o hospital brasileiro para verificar a possibilidade deste receber a paciente.

Caso seja disponibilizado o leito, a Central Estadual de Regulação da SES, pode participar dessa intermediação, mediante a oficilialização do pedido através de e-mail e acompanhado da documentação dos órgãos envolvidos nessa liberação. Salientamos que o transporte medicalizado somente pode ser realizado dentro da fronteira do RS. Se a paciente não precisar de hospitalização,  e puder ir pra casa, caracteriza uma tratativa de repatriação e será responsabilidade da família ou município de residência, o que também deverá ser tratado por meio dos consulados".
 


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895