Trabalhadores da saúde vão paralisar atividades em Canoas contra desligamentos sem indenização

Trabalhadores da saúde vão paralisar atividades em Canoas contra desligamentos sem indenização

Mais de 300 devem ser desligados do Hospital Nossa Senhora das Graças e não há recursos garantidos para FGTS e multas rescisórias

Fernanda Bassôa

Mobilização deve suspender atendimentos por tempo indeterminado

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Os mais de 300 trabalhadores da saúde de Canoas vinculados ao contrato 64, que deverão ser desligados das suas funções no próximo dia 31 de julho, decidiram parar as atividades a partir da próxima quarta-feira. A greve foi determinada em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira no auditório do Hospital Nossa Senhora das Graças, após mais um encontro de mediação com a Justiça do Trabalho (TRT-4).

O secretário-geral do Sindisaúde, Júlio Jesien, informou que a paralisação começa às 8h de quarta-feira e segue por tempo indeterminado. “Na segunda-feira faremos um ato em frente à Prefeitura, das 11h às 14h, para mobilizar os atores envolvidos neste processo.” O protesto também ocorre pela falta de recursos para quitar pagamento integral das verbas rescisórias e FGTS. 

A agente de atendimento da UBS Fátima, Samara Trindade, disse que o movimento é válido e importante. “Estamos lutando por um direito que é nosso por lei. Temos família, temos casa, temos filhos. Não podemos cruzar os braços. Amanhã ou depois não teremos emprego. Precisamos sim nos unir e nos mobilizar. Precisamos ser ouvidos.” Da mesma ideia compartilha a funcionária da higienização que preferiu não se identificar. “Queremos receber, mas eles não querem pagar. Vamos aderir sim à greve. Queremos ter nossos direitos respeitados.”

O diretor jurídico da Associação beneficente São Miguel, que juntamente com a ABC gerenciam e administram o Hospital Nossa Senhora das Graças, César Luis Baumgratz, voltou a reafirmar que está priorizando a busca de recursos para quitar o pagamento das rescisórias. “Continuamos na luta pelo financiamento. Na próxima segunda-feira, teremos uma reunião para viabilizar o empréstimo. Queremos sanar todos os direitos trabalhistas.” 

A prefeitura de Canoas informa que a contratação, tanto quanto a demissão, dos funcionários atrelados ao contrato 64 (firmado em 2013 e renovado por mais um ano em 2018) são de responsabilidade do Hospital Nossa Senhora das Graças. A entidade pondera ainda que o encerramento do contrato e a consequente cessação dos vínculos desses funcionários já era prevista há mais de um ano e os montantes necessários para garantir a quitação dos direitos dos trabalhadores já estavam descritos em contrato e foram repassados pelo Município ao hospital. Sendo assim, a Secretaria da Saúde, como garante a lei, irá exigir do Hospital o cumprimento integral do contrato de prestação de serviço até o seu final, ou seja, até o dia 31 de julho.

O Executivo esclarece que vem buscando de todos os modos evitar prejuízos à população, tanto que já encaminhou novas licitações para substituição do atual contrato a partir de agosto e reafirma sua solidariedade com os trabalhadores, pois vem acompanhando, junto ao Tribunal Regional do Trabalho, as negociações entre o hospital e os funcionários.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895