Trabalhadores do transporte rodoviário de Esteio paralisam os serviços por tempo indeterminado

Trabalhadores do transporte rodoviário de Esteio paralisam os serviços por tempo indeterminado

Por determinação judicial, os serviços devem ser mantidos com 35% da frota na rua, em horários de pico, e 15% nos demais horários

Fernanda Bassôa

Reivindicação é pela retomada do adicional de dupla função e do vale alimentação, direitos suspensos em 2020 com a chegada da pandemia

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Os trabalhadores rodoviários que fazem o transporte urbano e metropolitano na cidade de Esteio entraram em greve desde a zero hora desta segunda-feira. As principais reivindicações são a recomposição do adicional de dupla função e do vale alimentação. Por determinação judicial, os serviços devem ser mantidos com 35% da frota na rua em horários de pico (das 5h30min às 8h30min e das 17h30min às 20h30min) e 15% nos demais horários. A Real Rodovias é responsável pelo transporte intermunicipal entre Esteio e Porto Alegre, e a Viação Hamburguesa opera no transporte municipal. A greve, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários de São Leopoldo, é por tempo indeterminado até que se apresente uma proposta satisfatória para a categoria. Cerca de 90 trabalhadores estão envolvidos na paralisação.

Na manhã desta segunda-feira, muitos usuários foram pegos de surpresa. Maristela Da Silva Rodrigues, que mora em Canoas e trabalha como diarista em uma residência no bairro Jardim Planalto, em Esteio, aguardava o ônibus como de costume na parada embaixo da plataforma do Trensurb. “Hoje ele está demorando mais que o normal. Eu não sabia dessa greve, vou ter que informar isso para minha patroa, pois não costumo chegar atrasada.” Evanice Gomes Pereira, que também aguardava o transporte para deslocar do Centro ao bairro Tamandaré, já estava ciente da greve. “Eu sou a favor das mobilizações por melhores direitos trabalhistas, pois tenho familiares que trabalham no transporte público. Mas desde que não prejudiquem aqueles que precisam do serviço.”

O secretário de finanças do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários de São Leopoldo, Wilson Júnior Caetano explica que a categoria está em período de dissídio coletivo e que a reivindicação é pela retomada do adicional de dupla função e do vale alimentação, direitos que foram suspensos em 2020 diante da pandemia da Covid-19. “Na pandemia, o transporte público passou por uma série de problemas e os trabalhadores aceitaram a suspensão. Entretanto, durante estes quatro anos as empresas que fazem o transporte urbano em Esteio e metropolitano receberam subsídios dos governos municipal e estadual na casa dos R$ 10 milhões e nenhum centavo foi repassado ao trabalhador. Hoje, hoje queremos a recomposição destes direitos.” Segundo Caetano, esses valores fazem parte do salário direto dos empregados, afetando diretamente a família do trabalhador.

As empresas alegam dificuldades decorrentes da pandemia de covid-19 e da concorrência de outros meios de transportes, que teriam causado uma queda no número de passageiros. O superintendente da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional, Francisco Horbe, disse que a determinação judicial de manter os 35% dos serviços em horário de pico e 15% da frota na rua nos demais horários, foi cumprida. “Temos nove linhas no metropolitano. As linhas comuns não rodaram, apenas aquelas que fazem o semi-direto, entre Sapucaia, Esteio e Porto Alegre. Temos duas equipes na rua circulando e monitorando a situação. Até o momento não recebemos muitas reclamações, mas seguimos fiscalizando”, disse Horbe.

Sobre a greve, o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, se manifestou através de suas redes oficiais da seguinte forma: “O Sindicato dos Rodoviários, de forma chantagista como de costume, anunciou estado de greve para esta segunda-feira, por não concordar com a proposta de reajuste oferecida pela empresa Viação Hamburguesa. Tenho certeza que essa não é a posição de todos os motoristas da empresa, que acompanham diariamente a queda de passageiros e são sensíveis ao momento do transporte coletivo. Porém, a entidade, em audiência, chegou a dizer que a redução no serviço deveria ser grande, pois do contrário a população não iria sentir o impacto da greve. Essa é a preocupação deles, que as pessoas sejam prejudicadas.”

Conforme Pascoal, ainda em nota, os grevistas deverão ter seus contratos de trabalho suspensos, o que resultará no desconto salarial no período da greve, e pontuou que a Prefeitura não pagará o subsídio referente a isso. “Cabe lembrar que o transporte público vem apresentando situação deficitária há anos, sendo mantido com recursos da Administração municipal, a exemplo de outras cidades. Estamos monitorando a situação, tomando as medidas administrativas e judiciais cabíveis e atuaremos com nossa fiscalização para que este serviço essencial seja mantido.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895