"Trabalhamos tanto para no final tudo ser destruído", lamenta moradora das ilhas após enchente

"Trabalhamos tanto para no final tudo ser destruído", lamenta moradora das ilhas após enchente

Nível do Guaíba em Porto Alegre apresenta leve queda nesta terça-feira, porém segue afetando habitantes do Arquipélago

Felipe Faleiro

Na Ilha Grande dos Marinheiros, situação das cheias mudou pouco do começo de setembro para cá

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Continua inacessível nesta terça-feira parte da rua Nossa Senhora Aparecida, uma das principais da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, em razão da enchente que há mais de um mês é persistente na área. Os moradores não vão esquecer tão cedo dos históricos níveis da água alcançados no começo de setembro, e em diversos locais do Arquipélago, a água contaminada ainda invade os terrenos, provocando frustração, prejuízos e preocupações.

Na manhã de ontem, a comerciante Tainá Prates, 30 anos, caminhava na enchente, carregando alguns brinquedos para revendê-los em seu pequeno comércio. Ela, que vive na ilha desde que nasceu, contou que sua casa foi bastante danificada pela saída do leito do Guaíba. “Infelizmente estamos convivendo com isto agora. A gente trabalha tanto para, no final, ser tudo destruído”, lamentou ela. No pátio de sua casa, tomado pelo lodo, repousa um automóvel, estragado pelas inundações. “Nem sei se tem algo funcionando nele”.

Tainá vive ali com um casal de filhos pequenos, que nunca haviam visto, assim como ela, a água subir tão alto como aconteceu em setembro. Outros moradores relatam o mesmo, mas buscam levar suas vidas da forma que é possível. Havia ainda na área quem estivesse aproveitando a enchente para lavar itens bastante comuns nas ilhas, a exemplo de capas de barco. A própria comerciante disse que, na época do alto da enchente, não precisou de apoio da Defesa Civil ou órgãos de resgate, pois seus familiares tinham embarcações próximas.

Enquanto isso, os níveis do Guaíba em Porto Alegre apresentaram leves quedas graduais. Hoje pela manhã, na medição divulgada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a marca no Cais Mauá, no Centro Histórico, havia alcançado 2,43 metros, caindo cerca de um centímetro por hora, e já abaixo da cota de alerta, que é de 2,50 metros, e muito distante do nível de inundação, de três metros. Já no município de Guaíba, o curso d’água chegou a 2,13 metros também em queda.


Correio do Povo
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