"Trouxemos só um pouco de roupa e alguma comida para não estragar”, diz morador resgatado da Ilha da Pintada
Dezenas de famílias foram retiradas pela Defesa Civil da região, completamente tomada pelas águas
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A cena repetiu-se na Orla do Gasômetro nesta sexta-feira muito mais do que qualquer um gostaria de imaginar. A cada pouco punhado de minutos, encostava uma nova embarcação próximo à Usina. Delas, desciam moradores resgatados das ilhas de Porto Alegre, tomadas pela força das águas que castigam o Rio Grande do Sul nos últimos dias. Para trás, mais do que pertences, ficou boa parte de incerteza quanto ao futuro. E muitos, muitos prejuízos materiais.
É o caso, por exemplo, da família de Jerry Luiz, morador da Ilha da Pintada. Ontem, à tarde, ele e os familiares chegaram em uma das embarcações. Ele conta que já era sabido do aviso de evacuação da região por parte da Defesa Civil. No entanto, como não havia eletricidade, a saída foi protelada. “Avisaram muito em cima da hora”, explica.
Por mais que a região seja frequentemente atingida por cheias, a força com as águas tomaram a Ilha da Pintada surpreendeu até mesmo quem já viu tragédias parecidas. “Minha mãe tinha um aninho quando aconteceu a enchente de 1941”, conta Jerry. Com pouco tempo para deixar as casas, o prejuízo é imensurável. “Trouxemos só um pouco de roupa e alguma comida para não estragar”, diz Jerry.
Para trás, ficaram, por exemplo o carro e a moto de Orlando da Silva, que mora no mesmo loca.. Quem não ficou, no entanto, foi o cachorro. Jacob, que na véspera teve que ser colocado em cima do carro para escapar da água. Ainda que o plano A daqui para a frente seja a construção de um novo piso, que torne a moradia mais alta, a família não descarta ter que deixar a Ilha da Pintada em um futuro próximo.