"Trouxemos só um pouco de roupa e alguma comida para não estragar”, diz morador resgatado da Ilha da Pintada

"Trouxemos só um pouco de roupa e alguma comida para não estragar”, diz morador resgatado da Ilha da Pintada

Dezenas de famílias foram retiradas pela Defesa Civil da região, completamente tomada pelas águas

Carlos Correa

Resgatados das Ilhas de POA trouxeram junto gatos e cachorros

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A cena repetiu-se na Orla do Gasômetro nesta sexta-feira muito mais do que qualquer um gostaria de imaginar. A cada pouco punhado de minutos, encostava uma nova embarcação próximo à Usina. Delas, desciam moradores resgatados das ilhas de Porto Alegre, tomadas pela força das águas que castigam o Rio Grande do Sul nos últimos dias. Para trás, mais do que pertences, ficou boa parte de incerteza quanto ao futuro. E muitos, muitos prejuízos materiais.

É o caso, por exemplo, da família de Jerry Luiz, morador da Ilha da Pintada. Ontem, à tarde, ele e os familiares chegaram em uma das embarcações. Ele conta que já era sabido do aviso de evacuação da região por parte da Defesa Civil. No entanto, como não havia eletricidade, a saída foi protelada. “Avisaram muito em cima da hora”, explica.

Por mais que a região seja frequentemente atingida por cheias, a força com as águas tomaram a Ilha da Pintada surpreendeu até mesmo quem já viu tragédias parecidas. “Minha mãe tinha um aninho quando aconteceu a enchente de 1941”, conta Jerry. Com pouco tempo para deixar as casas, o prejuízo é imensurável. “Trouxemos só um pouco de roupa e alguma comida para não estragar”, diz Jerry.

Para trás, ficaram, por exemplo o carro e a moto de Orlando da Silva, que mora no mesmo loca.. Quem não ficou, no entanto, foi o cachorro. Jacob, que na véspera teve que ser colocado em cima do carro para escapar da água. Ainda que o plano A daqui para a frente seja a construção de um novo piso, que torne a moradia mais alta, a família não descarta ter que deixar a Ilha da Pintada em um futuro próximo.


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